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19 abril 2018

BRASIL - Quem realmente disputa a Presidência da República?

Para vencer, o fator decisivo será conquistar o voto do "povão". Qual foi o último presidente brasileiro negro? 
A novidade é Joaquim Barbosa.

                Para vencer, o fator decisivo será conquistar o voto do "povão". A novidade é Joaquim Barbosa. Se eleito, o primeiro negro na presidência da República. 
                Lista de Presidentes do Brasil.

                  O próximo presidente deverá sair de uma lista de seis nomes: 
                  O ex-presidente do Supremo, Joaquim Barbosa
                  O tucano Geraldo Alckmin
                  O deputado Jair Bolsonaro
                  Os ex-ministros Marina Silva e Ciro Gomes,
                  O candidato petista.

                  O vencedor terá de conquistar os eleitores de voto indefinido, majoritariamente nos estratos sociais mais baixos. O voto de caráter popular, conquistado pelo PT nas últimas três eleições, será o principal alvo dos candidatos que disputam o espólio lulista.

                  Entre os que têm apenas ensino fundamental, 71% não sabem em quem vão votar ou afirmam votar nulo ou branco, diz a última pesquisa Data-folha
                  Entre aqueles com renda até dois salários mínimos, a proporção é de 70% ela cai para 46% entre os que ganham mais de dez.

                  Natural que o “povão” ainda não tenha escolhido candidato, embora o grau de indefinição deste ano seja inédito. 

                  Está aí, portanto, a chave da campanha eleitoral e o caminho para a rampa do Palácio do Planalto. Quem tem o melhor discurso para seduzir essa parcela, que garantiu vitória ao PT entre 2006 e 2014?

                  De acordo com os pesquisadores do Data-folha, a principal beneficiada pela ausência na cédula do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria hoje Marina

                  Embora tenha sido citada por apenas 1% dos entrevistados na pesquisa espontânea (ante 13% de Lula e 11% de Bolsonaro). 
                  Marina aparece em 26% das menções na estimulada. 
                  Em seguida vêm Bolsonaro Com 22%
                  Joaquim com 17%
                  Ciro com 16%
                  Alckmin com 14%.

                  A seis meses do pleito, é razoável supor que a disputa está entre esses cinco e o candidato do PT, cuja força eleitoral levou o partido à rodada final de todas as eleições em que houve segundo turno desde a redemocratização. 
                  Seis nomes em busca dos eleitores mais pobres, órfãos de Lula.


                  Sem ele, a situação do PT fica difícil. 

                  O partido insiste na estratégia de lançá-lo, ainda que preso e impedido de concorrer pela Lei da Ficha Limpa
                  Segundo o Data-folha, 30% votariam hoje em quem quer que fosse o indicado por Lula, mas 52% não votariam.

                  Para ter chance no segundo turno, o candidato petista precisaria seduzir mais que os mais pobres. Teria de afastar-se da imagem de corrupção e incúria econômica atrelada ao partido, para trazer de volta parcelas da classe média identificadas com o ideário esquerdista, hoje atraídas por Ciro ou Marina.

                  A polarização contra as “elites” e o discurso do “nós contra eles” que sempre deram certo é uma armadilha para o PT neste ano, quando “eles” somam 52%
                  Se adotar a perseguição a Lula como mote da campanha, o PT estará a caminho do suicídio eleitoral.


                  Para Bolsonaro, a dificuldade é semelhante. 
                  Sua bandeira de campanha é o combate ao crime, à corrupção e à esquerda. 
                  No outro extremo da polarização, seu discurso tem franca aceitação nos estratos mais altos. 

                  Bolsonaro é citado espontaneamente por 26% dos que ganham mais de dez salários mínimos, ante média de 11%.

                  Mas corrupção nunca foi um tema sedutor para os pobres. Para atraí-los, o discurso duro no combate ao crime precisa ser atrelado a benefícios econômicos tangíveis. 

                  Bolsonaro adotou um programa liberal, distante das demandas concretas desta faixa da população. Não terá muito tempo de televisão e baseia sua campanha na internet, tecnologia a que nem todos têm acesso. 
                  Doravante terá mais dificuldade para crescer.


                  Para Alckmin, a dificuldade é de outra natureza. 
                  Vai bem em sua base eleitoral, o Sudeste, mas patina no resto do país. Em São Paulo, as obras, novas estações de metrô e índices favoráveis de criminalidade lhe garantem alta penetração. 
                  No Nordeste, é um virtual desconhecido, mesmo tendo chegado ao segundo turno em 2006.

                  Em Minas Gerais, estado que se tornou um microcosmo do Brasil (nenhum presidente foi eleito sem vencer em Minas), seu partido está enrolado em escândalos de corrupção: Aécio Neves se tornou réu e Eduardo Azeredo será provavelmente preso. 

                  Sem Nordeste nem Minas, Alckmin não se elege. 
                  Ele precisa de uma aliança com DEM e MDB para ampliar seu tempo de TV e tentar conquistar os eleitores de voto indefinido. 
                  Mesmo assim, seu discurso não empolga.

 


                  Marina e Ciro ganham fôlego na ausência de Lula. Não se sabe se resistem ao lançamento de um novo candidato petista com mais apelo à classe média que Lula. Sem alianças amplas, nenhum dos dois dispõe do tempo de TV necessário para conquistar os mais pobres. 
                  Não é uma situação confortável.


                  Joaquim padece de problema semelhante. 
                  Mas leva duas vantagens. 

                  Sua atuação no mensalão o tornou conhecido do “povão”. Não tem um perfil tão inflamado quanto Ciro nem tão volátil quanto Marina

                  Ocupará, nesta eleição, o papel de novidade que foi dela nas duas últimas. Se adotar uma plataforma econômica tangível e for hábil nas alianças, grande incógnita, suas chances crescem. 

                  Dependendo das circunstâncias, qualquer um dos seis pode vencer. Mas, hoje, os ventos sopram a favor de Joaquim Barbosa. E tem ainda a novidade de ser o primeiro presidente negro a governar o Brasil.

                  Com Informações de: G1.

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