Coliformes e E. Coli foram detectados em amostras colhidas e indicam riscos de doenças caso haja consumo dos produtos crus e sem a devida higienização.
Uma pesquisa desenvolvida por acadêmicos do curso de Farmácia de uma faculdade de Montes Claros-MG detectou a presença de bactérias, geralmente encontradas nas fezes de mamíferos, em produtos comercializados nas principais feiras livres da cidade.
As amostras de alfaces e queijos colhidas pelos alunos estavam sendo vendidas nas feiras dos Bairro Major Prates, Bairro Santo Antônio, Bairro São José e Mercado Municipal Christo Raeff.
De acordo com a faculdade responsável pelo estudo, a presença de coliformes totais e Escherichia coli foi constatada.
De acordo com a professora que liderou o experimento, a análise das feiras não é apenas para mostrar que existem erros no manuseio dos produtos, mas para avaliar a cadeia produtiva deles e como chegam até o consumidor.
“Nós queremos avaliar desde a origem dos produtos até a chegada até à mesa do consumidor. A partir disso, foi possível que os alunos pontuassem os riscos de contaminação dos produtos escolhidos”
Afirma a professora Mônica Durães, da disciplina de análise ambiental do curso de Farmácia.
A alface e o queijo minas foram escolhidos por serem muito comercializados. A coleta dos materiais representa 10% das bancas das feiras livres em questão, escolhidas aleatoriamente, de acordo com os pesquisadores.
A detecção de bactérias fecais, para a professora do curso, tem relação com diversos fatores envolvidos no comércio e venda de hortaliças, desde a produção, acondicionamento, transporte e exposição durante a comercialização.
Segundo os estudos, a presença dessas bactérias representa grandes riscos. A meta é seguir as pesquisas, aumentando o número de amostras para realizar novas análises.
“Não é uma surpresa nosso estudo.
A grande questão foi verificar que a única forma de tratamento em casa pode não ser suficiente e oferecer riscos.
As bactérias existem no nosso intestino, mas a preocupação é que tenham outros patógenos, não analisados nos estudos, que possam ser encontrados junto às bactérias fecais.
A Escherichia Coli, por exemplo, só sobrevive em intestino de mamíferos. Se há contato deste produto com matéria de origem fecal, pode ter outros organismos patogênicos, é isso que ela [a bactéria] representa”
Explica Mônica Durães.
Para a médica infectologista, Cláudia Biscotto, as bactérias fecais encontradas na alface e queijo vendidos nas feiras envolvem riscos eminentes à saúde humana. Elas podem provocar doenças diarreicas, gastroenterite e doenças de pele, segundo a especialista.
“Com certeza envolve um risco. São bactérias potencialmente patogênicas, podem vir a provocar doenças ao ser humano. No queijo, é bem mais complicado, principalmente se a produção não tem vigilância, se é comercializada sem rótulo e sem carimbo”
Diz a médica.
Para a infectologista, alguns cuidados a serem tomados pelo consumidor podem garantir que o produto não seja digerido com as bactérias apontadas.
“O ideal é que não fossem consumidos crus, que fossem cozidos. O cozimento anula os efeitos da bactéria. No caso da alface, a simples limpeza com água sanitária e vinagre elimina a bactéria. São coisas simples que podem garantir que a pessoa não adoeça comendo o que comprou nas feiras”
Afirma Biscotto.
A especialista afirma, ainda, que não significa que produtos vendidos em feiras livres sejam ruins, apenas que requerem higienização, assim como hortaliças e frutas compradas em supermercados.
“Todo alimento comprado que você vai consumir cru, como frutas de cascas e legumes, deve ser higienizado antes do consumo. É necessário que se lave com água corrente e que deixe de molho com água sanitária ou vinagre”
Explica Cláudia Biscotto.
O G1 fez contato com a assessoria de comunicação da Prefeitura Municipal de Montes Claros, responsável pela manutenção das feiras, e com um dos responsáveis pela Vigilância Sanitária do município.
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