Magistrado que determinou a prisão de João de Deus afirma que ele 'chefia uma organização criminosa' que agia na cidade de Abadiânia, em Goiás.
O Juiz Liciomar Fernandes da Silva, que determinou a prisão de João de deus por posse ilegal de arma de fogo, na Sexta-feira (181221), afirmou que as investigações apontam que o médium “chefia uma organização criminosa que atua principalmente na cidade de Abadiânia”, em Goiás.
O investigado é acusado de abuso sexual por centenas de mulheres que o procuraram para tratamento espiritual, sendo indiciado por um desses casos. João de deus, que completou uma semana na cadeia, nega os crimes.
Por meio de nota, a defesa do médium afirmou que “juiz fez uma afirmação grave e sem qualquer base empírica. Essa é a verdade”.
O magistrado autorizou buscas em cinco endereços relacionados ao médium. Quatro dos mandados foram cumpridos em Abadiânia-GO, onde fica a Casa Dom Inácio de Loyola, local dos atendimentos espirituais e onde teriam ocorrido os abusos, e um deles em Itapaci-GO, na Região Norte de Goiás.
Na busca realizada na Sexta-feira, a Polícia Civil encontrou pedras que estão em análise para saber se são esmeraldas, uma arma de fogo, medicamentos e uma mala com R$1.200.000,00 em dinheiro na casa do médium.
Em dirigências anteriores, outros R$400.000,00 em moeda nacional e estrangeiras, além de armas, também na casa dele, o que motivou o pedido de prisão, concedido pelo magistrado.
No fim de semana, a Superintendência de Vigilância em Saúde de Goiás - SUVISA interditou o laboratório da farmácia que funciona na Casa Dom Inácio de Loyola.
O órgão informou que a farmácia do local produzia medicamentos em escala industrial, atividade para a qual não tinha autorização. Relatório divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde de Goiás - SES-GO diz que a interdição atinge somente o laboratório, permitindo as vendas dos medicamentos.
O órgão esclareceu que a farmácia tem alvará para produzir os remédios, mas não na escala em que estavam sendo feitos.
O volume de produção e de venda não foi informado.
Críticas
A defesa de João de deus, que nega as acusações de crimes sexuais, criticou as novas buscas e nova ordem de prisão preventiva emitidas na Sexta-feira.
“A nova busca e apreensão foi determinada com base em denúncia anônima e foi genérica, o que é inadmissível”
Afirmou o advogado Alberto Toron.
O Ministério Público do Estado de Goiás - MP-GO levantou que há 255 vítimas em potencial. As mulheres que procuraram o órgão para denunciar aos abusos teriam entre 9 e 67 anos nas datas dos crimes.
Desses casos, o órgão acredita que 112 prescreveram.
Os promotores pretendem ouvir João de deus ainda esta semana e denunciá-lo em seguida. Junto com o inquérito já fechado pela Polícia Civil, o órgão deve juntar outros casos recentes, ainda deste ano. João de deus teve a prisão decretada em 14 de Dezembro, a pedido da Polícia Civil e do Ministério Público Estadual de Goiás, que passaram a receber vários relatos de abuso sexual durante tratamento espiritual após a coreógrafa holandesa Zahira Leeneke Maus denunciar o médium em programa de TV.
No Domingo (181216), ele se entregou à polícia em uma estrada de terra em Abadiânia-GO. João de deus prestou depoimento em seguida, durante três horas, e afirmou à Polícia Civil que, antes de as denúncias virem à tona, foi ameaçado por um homem, por meio de uma ligação de celular.
Além disso, negou os crimes e que tenha movimentado R$35.000.000,00 nos dias anteriores à prisão.