Defesa do médium, réu por crimes sexuais, disse que não teve acesso ao material sobre o qual o cliente foi questionado, por isso não teve tempo de conversar com ele sobre o caso. Laudo aponta depressão grave, e médicos indicaram internação.
O Ministério Público do Estado de Goiás - MP-GO interrogou o médium João de deus nesta Sexta-feira (190308) e, segundo o órgão, pela primeira vez o médium usou do direito de ficar calado.
Ele está preso em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital, denunciado por abusos sexuais, posse ilegal de arma e coação de testemunhas, mas sempre negou os crimes.
Um dos advogados que representa o médium, Alex Neder, disse que a defesa só recebeu o material do MP a respeito do interrogatório na noite de Quinta-feira (190307), por isso não teve tempo de conversar com o cliente sobre o processo.
"Eu registrei um protesto por não termos o nosso direito de ter acesso à cópia da investigação a tempo. Registrei o meu protesto na ata por não termos acesso aos elementos de investigação com antecedência e, como ele assinou a ata de que iria usar esse direito de ficar calado, eles [os promotores] não fizeram nenhuma pergunta"
Afirmou.
Saúde de João de deus
Laudos médicos pedidos pela defesa do médium apontam que ele perdeu 17 kg desde que foi detido e que “sua saúde tem piorado apesar da boa vontade dos funcionários do Núcleo de Custódia”, onde está detido. O documento detalha que João de deus “passa a maior parte do tempo deitado, sem ânimo para nada”, além de dormir mal e chorar com frequência.
O psiquiatra Leo de Souza Machado, que assinou a avaliação psiquiátrica, afirmou no documento que o preso apresenta “prejuízo em domínio de memória e atenção e linguagem” e o diagnosticou com transtorno depressivo grave.
O médico avaliou que o emagrecimento de 20% do peso corporal exige “melhor investigação diagnóstica, internação hospitalar para cuidados clínicos e psiquiátricos”. No laudo ele também recomenda “transferência o mais rápido possível para hospital de alta complexidade”, sob risco de “negligência médica”.
O cardiologista Alberto de Almeida Las Casas Junior também indicou a internação do médium para exames complementares e ajustes na medicação. Ele avaliou que o paciente está com 104 kg, tem pressão alta, apresenta dor e edema na perna direita, tremores nas mãos, tontura esporádica, pouco sono e perda de apetite.
Também conforme o laudo do médico, o médium está sob uma estrutura considerada inadequada para uma pessoa de 77 anos e aconselha que ele tenha um enfermeiro ou cuidador com ele 24 horas por dia.
Pedidos de habeas corpus
A defesa de João de deus vem tentando a soltura dele ou a transferência para prisão domiciliar. O médium teve habeas corpus negado em caráter liminar no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás - TJ-GO, no Superior Tribunal de Justiça - STJ e no Supremo Tribunal Federal - STF.
Na Quinta-feira (190307) estava sendo avaliado o mérito, que é quando o processo é julgado por um grupo de desembargadores, do habeas corpus do médium e do filho dele, Sandro Teixeira, preso no último dia 02 de Fevereiro, mas a análise foi suspensa após pedido de vistas.
O pedido da defesa é em relação à acusação de coação de testemunha.
Resumo do caso
João de deus está detido no Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia-GO, na Região Metropolitana da capital.
Veja os processos contra ele:
Ações na Justiça:
João de deus já virou réu três vezes por violação sexual e estupro de vulnerável.
A mulher dele, Ana Keyla Teixeira, também foi denunciada no crime envolvendo os armamentos, e o filho, Sandro Teixeira, por intimidação das testemunhas;
Apuração no MP:
O órgão segue colhendo e analisando novas denúncias de mulheres que se dizem vítimas do médium.
Investigação:
Polícia Civil aguarda laudos para concluir a investigação sobre lavagem de dinheiro, devido aos mais de R$1,600.000,00 e pedras preciosas aprendidos em imóveis do médium.
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190308 -
João de deus é interrogado novamente e usa direito de ficar calado pela primeira vez -
12456 (esta).
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