Noélia Rodrigues de Oliveira foi vista pela última vez saindo do trabalho, em shopping da Asa Norte. Ela deixa três filhos.
Parentes e amigos de Noélia Rodrigues de Oliveira, de 38 anos, se reuniram neste Domingo (191020) para a despedida à vendedora, assassinada com um tiro no rosto, Asa Norte-DF.
O corpo dela foi encontrado em uma estrada de terra em Vicente Pires-DF, no Distrito Federal.
O enterro ocorreu por volta das 16:00 horas, no cemitério de Taguatinga-DF. Mãe de três filhos, com 5, 9 e 16 anos, ela foi vista pela última vez saindo do trabalho, em um shopping da Asa Norte-DF, na noite de Quinta-feira (191017).
Durante o velório de Noélia, familiares e colegas de trabalho lembraram que "ela era uma pessoa alegre, lutadora e guerreira". O marido chegou acompanhado dos dois filhos mais novos e a família carregava rosas brancas. O homem não falou com os jornalistas e foi consolado por amigos e parentes.
Grito de justiça
Ao G1, a vendedora Rosângela Bezerra, de 37 anos, disse que trabalhou com Noélia durante três anos e que espera por justiça.
"Mais uma mulher, infelizmente. Esperamos justiça, isso grita dentro de todas nós [mulheres], no fundo no meu coração."
O caixão com o corpo de Noélia Rodrigues estava fechado e com uma foto sobre a tampa. Rosângela lamentou não poder ver a amiga pela última vez.
"Não consegui ver o rosto dela.
Eu pensei que veria pela última vez."
A reportagem também conversou com Odemar Oliveira Guedes, de 42 anos, irmão de Noélia. Morador de Araguaína-TO, no Tocantins, ele veio a Brasília-DF para se despedir da irmã.
Os pais da vendedora moram no Ceará e não puderam vir.
"Foi uma tragédia que aconteceu na nossa família. Meus pais estão passando por um momento muito difícil."
'Foi de carona'
Segundo colegas de Noélia, a vendedora ficou responsável por fechar a loja de roupas onde trabalhava, na noite de Quinta-feira (191017).
"Antes de sair, eu chamei ela para irmos juntas.
Mas ela disse que ia de carona para casa"
Afirmou uma colega.
Foi o marido de Noélia quem procurou a polícia, um dia após o desaparecimento. A família chegou a divulgar em redes sociais um pedido de ajuda para encontrar a vítima.
Ele foi até a 5ª Delegacia de Polícia, na área central de Brasília, às 09:45 horas desta última Sexta-feira (191018). No mesmo horário, a Polícia Militar disse que recebeu uma ligação informando que o corpo de uma mulher havia sido encontrado no Assentamento 26 de Setembro, próximo a Vicente Pires-DF.
Investigação
A Polícia Civil do Distrito Federal informou que a morte de Noélia é investigada como feminicídio. De acordo com a delegada-chefe da 38ª DP - Vicente Pires, Adriana Romana, a polícia mudou a tipificação do crime, inicialmente registrado como homicídio.
Se confirmado, este será o 27º caso em 2019.
"Nós vamos adotar o protocolo de feminicídio. Caso seja outro crime, mudaremos a tipificação."
Agentes da 38ª DP estiveram na loja onde a vítima trabalhava, conversaram com funcionários e analisaram imagens de câmeras de segurança.
A delegada responsável pelo caso disse que Noélia já tinha registrado duas ocorrências de violência doméstica. Em 2010, ela prestou queixa contra o atual marido, por lesão corporal, consequência de uma briga envolvendo outras pessoas da família.
Antes disso, em 2007, ela já havia registrado ocorrência por agressão física e ofensa moral, contra um ex-marido. A polícia disse não descartar qualquer linha de investigação.
Até publicação desta reportagem, ninguém tinha sido preso.
Morte de mulheres
Um levantamento feito pelo G1 indica que houve, pelo menos, 26 casos de feminicídios registrados este ano no DF. Se confirmada a autoria e motivações para a morte de Noélia Rodrigues de Oliveira, o número de ocorrências chega a 27 casos.