Documento a que o Ministério Público de Goiás teve acesso mostra que os carros estão registrados pela Cúria de Formosa. Suspeita é de que os automóveis eram vendidos e o dinheiro não voltava para os cofres da igreja.
Promotores do Ministério Público de Goiás - MPGO tiveram acesso a um documento que mostra que a Cúria de Formosa-GO tem mais de 160 veículos registrados.
A apuração faz parte da Operação Caifás, deflagrada em 19 de março, que investiga o desvio de mais de R$2.000.000,00 da Diocese da cidade.
O promotor à frente do caso, Douglas Chegury, afirma que a relação de veículos foi encontrada na casa de um dos suspeitos de envolvimento com o esquema, o secretário da Cúria de Formosa, Guilherme Frederico Magalhães.
Ele foi preso durante a operação e solto cinco dias depois.
“A suspeita é de que os veículos eram vendidos e o dinheiro não entrava de volta nos cofres da Igreja. Além disso, eles continuavam registrados no nome da Cúria”
Explica Chegury.
Até o momento, os investigadores identificaram esse tipo de atividade em apenas um dos carros.
Chegury afirma que solicitará o apoio do Departamento de Trânsito de Goiás - DETRAN-GO para identificar a localização e os modelos dos automóveis.
“Precisamos saber se esses veículos ainda estão sendo usados pela Igreja ou se foram vendidos a terceiros. Além disso, devemos descobrir o motivo dos supostos compradores não terem feito a transferência de posse”
Diz.
Como os veículos estão vinculados à Igreja, ficam isentos de impostos.
Habeas corpus
Na Terça-feira, o bispo dom José Ronaldo Ribeiro e o juiz eclesiástico Tiago Wenlcescau tentaram o segundo pedido de habeas corpus. Anteriormente, o Superior Tribunal de Justiça - STJ já havia negado a análise.
A defesa encaminhou a solicitação ao Supremo Tribunal Federal - STF e aguarda. Outros seis denunciados também tiveram o pedido de habeas corpus negados pelo Tribunal de Justiça de Goiás - TJGO.
Continuam presos o monsenhor Epitácio Cardozo Pereira, vigário-geral da Diocese de Formosa;
Os padres Moacyr Santana, pároco da Catedral Nossa Senhora Imaculada Conceição de Formosa;
Mário Vieira de Brito, pároco da Paróquia São José Operário de Formosa;
Waldson José de Melo, pároco da Paróquia Sagrada Família de Posse - GO; e os empresários Antônio Rubens Ferreira e Pedro Henrique Costa Augusto, apontados como laranjas.
Intervenção do Vaticano
Em 19 de março, o desencadeamento da Operação Caifás, do Ministério Público de Goiás - MPGO, resultou na prisão de nove pessoas acusadas de desviar dinheiro de paróquias vinculadas à diocese de Formosa-GO.
Até o momento, os investigadores dizem ter comprovado a compra de uma fazenda de gado em Formosa, uma lotérica em Posse-GO, duas caminhonetes, joias e moedas estrangeiras.
Os itens estão avaliados em ao menos R$1.400.000,00. Durante a execução dos mandados, agentes apreenderam R$156.000,00 em espécie; R$8.000,00 em moeda estrangeira. Os relógios de marca encontrados estão sendo avaliados para estimar o valor de cada peça.
Por causa do escândalo, o papa Francisco ordenou a abertura de uma investigação por parte da Igreja Católica brasileira.
O MPGO entregou uma cópia do inquérito à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB. A apuração da Santa Sé não tem prazo. No entanto, admite o afastamento imediato e a expulsão, caso seja comprovada a culpa, de dom José Ronaldo Ribeiro.
Para manter as atividades da Igreja na região e tranquilizar os fiéis, Francisco nomeou o arcebispo de Uberaba-MG, dom Paulo Mendes Peixoto, administrador apostólico da diocese de Formosa.
Ele assumiu a função há uma semana.
Ao Correio, disse estudar uma auditoria pública nas contas da Diocese de Formosa.