Isadora de Morais, de 14 anos, sofreu uma lesão na medula que comprometeu, em definitivo, o movimento das pernas; mãe diz que a menina chegou a pedir 'as pernas de volta' aos médicos.
O Hospital de Urgências de Goiânia - HUGO confirmou, na manhã desta Quarta-feira (171025), que a estudante Isadora de Morais, de 14 anos, baleada por um colega no colégio em que estuda, está paraplégica.
Segundo o último boletim divulgado pela assessoria de comunicação da unidade, a menina sofreu uma lesão na medula e perdeu o movimento das pernas.
“A adolescente apresenta uma lesão na medula espinhal, no nível da 10ª vértebra da coluna torácica, que comprometeu os movimentos dos membros inferiores de forma definitiva. A paraplegia já havia sido diagnosticada no dia de sua admissão”
Informou o hospital.
De acordo com a nota, Isadora continua internada em uma Unidade de Terapia Intensiva - UTI humanizada, com estado de saúde regular. A menina está, segundo o hospital, orientada, consciente e respirando sem a ajuda de aparelhos.
Além de Isadora, continua internada a estudante Marcela Macedo, 14, que segundo a assessoria de comunicação do Hugo está internada em uma enfermaria com estado regular.
Já Lara Fleury, que estava internada no Hospital dos Acidentados, recebeu alta médica na Terça-feira (171024).
Na mesma data, ela divulgou um áudio para agradecer o apoio das pessoas e revelou que está se recuperando.
A mãe de Isadora, Isabel Morais, disse durante um culto em homenagem às vítimas dos tiros, realizado na Terça-feira, que a filha pediu "as pernas de volta" aos médicos.
A mãe da adolescente afirmou ainda que tem fé de que a filha possa se recuperar.
"Ela me disse: 'Mamãe, morri e parecia que estava em um sonho e acordei de novo. Fala para os médicos que quero minhas pernas de volta'. Acredito, creio que Deus vai recuperar a medula da minha filha, sei que Deus faz o impossível, mas também sei que minha dor não é maior do que a de quem perdeu os filhos”
Completou.
O crime aconteceu no fim da manhã de Sexta-feira (171020) em uma sala de aula do 8º ano do Colégio Goyases, no Conjunto Riviera, em Goiânia-GO. Os tiros foram disparados por um aluno da classe, de 14 anos, no intervalo entre duas aulas.
Os alunos João Pedro Calembo e João Vitor Gomes, ambos de 13 anos, morreram ainda no colégio. Os corpos foram enterrados no Sábado (171021), em cemitérios de Goiânia.
O estudante Hyago Marques, de 13 anos, também foi baleado e foi o primeiro a receber alta, no Domingo (171022). Já em casa, ele afirmou que perdoa o colega autor dos disparos, mas que "nada justifica a reação dele".
Motivação do crime
Segundo o delegado Luiz Gonzaga Júnior, responsável pelo caso, o autor dos tiros disse que sofria bullying de um colega e, inspirado em massacres como o de Columbine, nos Estados Unidos, e de Realengo, no Rio de Janeiro, decidiu cometer o crime.
Filho de policiais militares, ele pegou a pistola .40 da mãe e a levou para a unidade educacional dentro da mochila.
O pai do adolescente prestou depoimento à polícia e negou que soubesse que o filho sofria bullying. Disse, ainda, que nunca ensinou o filho a atirar e que ele pegou a arma descarregada sobre o guarda roupas e a munição em uma gaveta trancada após procurar e achar as chaves.
O aluno, que estava apreendido na Delegacia Estadual de Apuração de Atos Infracionais - DEPAI, foi transferido na Segunda-feira (171023) para um centro de internação onde irá cumprir a decisão de internação provisória expedida pela Justiça.
O que se sabe até agora:
Veja a sequência dos fatos:
Colegas relatam que ouviram um barulho;
Em seguida, os alunos viram o adolescente tirando a arma da mochila e atirando;
Alunos correram para fora da sala de aula;
O aluno descarregou um carregador, carregou o segundo e deu um tiro, mas foi convencido; pela coordenadora a parar de atirar;
Estudante foi levado para a biblioteca até a chegada dos policiais.