Vítima diz que estava com passageiro dentro do carro no momento.
Ninguém foi preso; caso ocorreu em frente à Embaixada dos EUA.
A Polícia Civil do Distrito Federal investiga suposta agressão de um taxista contra um motorista do Uber.
De acordo com a denúncia, o homem teria jogado uma pedra contra a porta do carro da vítima.
A Polícia Militar foi acionada, e o suspeito fugiu.
Ninguém foi preso até a publicação desta reportagem.
A placa do táxi foi repassada às corporações.
O motorista do Uber Luiz Avelino da Silva disse ao G1 que estava embarcando um cliente próximo à Embaixada dos Estados Unidos, na Asa Sul-DF, quando o incidente aconteceu.
Segundo o motorista, testemunhas viram que o taxista jogou a pedra enquanto dirigia e depois se “escondeu” ao final de uma rua.
“Quando a PM chegou, pediram para ele parar, mas ele fingiu que não viu e foi embora”
Contou.
“A pedra pegou na porta dianteira do passageiro.
Um palmo abaixo do vidro”
Afirmou Silva, que trabalha há quatro meses com o Uber.
O caso foi registrado na 5ª DP (Asa Norte).
Durante a publicação desta reportagem, o carro passava por perícia.
Segundo o dono do veículo, o dano não vai prejudicar o trabalho dele.
“Dá para trabalhar, mas isso nunca tinha acontecido comigo. Agora tenho medo, não me sinto seguro”
Continuou.
“Antes quando me perguntavam [sobre a relação com taxistas] eu dizia que estava tudo bem, mas agora tenho receio.”
O G1 procurou o Sindicato dos Taxistas para comentar o caso, mas ninguém respondeu até a publicação desta reportagem.
O Uber também não se pronunciou sobre o episódio.
A punição pelo crime de dano é de até seis meses de detenção, podendo ser convertida em penas alternativas.
A Câmara Legislativa aprovou no dia 28 de junho o projeto que regulamenta o funcionamento de aplicativos de transporte individual, como o Uber.
Os deputados aprovaram a permissão para cadastrar dois motoristas em um único veículo, autorizaram a liberação do Uber X (modalidade mais popular do aplicativo) e liberaram o serviço de táxi executivo.
O texto foi à sanção do governador Rodrigo Rollemberg, que tem até 28 de julho para publicar a lei em Diário Oficial – e pode vetar parte das novas regras.
Investigação
No mês passado, o Ministério Público pediu à Polícia Civil que investigue, por eventual prática de associação criminosa, taxistas suspeitos de agredir motoristas do Uber.
O pedido à 10ª DP, no Lago Sul-DF, que já apurava casos de hostilidade do tipo.
O pedido de investigação se deu uma semana após um caso de agressão contra motoristas do serviço de transporte alternativo.
No dia 1º de junho, quatro irmãos foram perseguidos e espancados por taxistas no Aeroporto Juscelino Kubitschek.
No mesmo dia, a Polícia Militar tinha relatado casos de ataque a profissionais em um hotel e de um homem confundido com motorista do aplicativo que foi cercado, em frente ao Brasília Shopping, quando deixava a mulher no serviço.
Na ocasião, a presidente do Sindicato dos Taxistas, Maria do Bomfim, afirmou que a entidade não compactua com a violência, mas que os profissionais estão “cansados das agressões dos motoristas do Uber e, por causa disso, estão partindo para cima”.
A polícia disse que iria ouvi-la por entender que ela pode ter pode ter estimulado a categoria a agir com violência contra os condutores privados.
O promotor Paulo Binicheski afirmou ao G1 que o MP “acompanha de perto” as investigações da polícia.
O órgão não fixou prazo para que a delegacia apresente resultado do inquérito, mas existe a possibilidade de o MP realizar investigações suplementares.
Segundo o promotor, há indícios de que existem grupos que se associaram “de modo estável para o cometimento de crimes”.
“Se for comprovado que estavam combinados em agredir motoristas do Uber, então podem responder por associação criminosa, além de lesão corporal, tentativa de homicídio, ameaça, constrangimento e dano ao patrimônio”
Disse Binicheski.
“Até então a polícia estava investigando os fatos isolados, as agressões caso a caso. Não tinha direcionado as investigações por associação criminosa.”
De acordo com o promotor, as apurações devem concluir se os casos de agressão foram cometidos por taxistas ou se existem pessoas infiltradas.
O pedido do MP à Polícia Civil cita o envolvimento do taxista Alex Sandro Pires de Mendonça em diversas situações denunciadas.
Agora, o MP quer averiguar se ele tem participação em um suposto esquema.
O G1 não conseguiu contato com Mendonça.
Ainda segundo o promotor, o MP está preocupado com o aumento de relatos de agressões contra motoristas do Uber.
“Aconteceu uma vez quando eu mesmo fui sair do prédio do MP.
Meu carro é preto [cor característica usada na versão “premium” do serviço], e um taxista diminuiu a velocidade e ficou me encarando”
Relatou.
“Agora uma pessoa que tem carro preto fica apavorada.”
A pena por associação criminosa é de um a três anos de prisão, que pode ser aumentada se houver uso de armas ou envolvimento de criança ou adolescente.
O crime se difere de organização criminosa por não haver a presença de um líder, com uma hierarquia definida para funcionar.