Theo Marins entregou cartazes e presentes para funcionários do Serviço de Limpeza Urbana. 'Ele não perde um momento da coleta', conta mãe.
A rotina do pequeno Theo Duarte Marins, de dois anos, envolve mais do que os compromissos com a escola e as horas de brincadeira. Apaixonado por caminhões de lixo, acompanhar o trabalho de coleta na quadra onde mora com a família, no Distrito Federal, é "uma missão".
Assíduo, o menino não perde um dia sequer de "trabalho". Ao chegar, cumprimenta os servidores do Serviço de Limpeza Urbana - SLU, depois, vibra a cada sacola recolhida na QI 29 do Guará-DF.
Nesta Segunda-feira (191021), ele e a mãe, a orientadora educacional Yasmine Duarte, de 31 anos, decidiram fazer diferente.
Os dois confeccionaram cartazes e embalaram presentes para serem entregues aos garis. A ideia da homenagem surgiu na data em que se comemora o "Dia do Lixeiro", mesmo que o marco não seja reconhecido pela categoria (entenda abaixo).
Munidos de criatividade, Yasmine e Theo escreveram recados em cartazes, compraram kits de presentes e enfeitaram com laços. Às 21:00 horas de Segunda-feira eles desceram do apartamento para esperar os garis. O que mãe e filho não contavam, é que a coleta de lixo tinha mudado de horário.
Depois de quase duas horas de espera, a dupla optou por deixar os presentes com o porteiro do prédio.
No contêiner do lixo, ficou o recado:
“Deixamos uma lembrancinha na portaria do prédio.
Por gentileza, peguem com o porteiro.”
Antes de voltar para casa, teve pose para fotos e um registro no elevador. A torcida era para que a chuva não estragasse os bilhetes pregados com tanto carinho.
"O Theo ainda ficou acordado bravamente, esperando na janela."
Cansado, o menino foi para a cama, mas dormiu abraçado ao caminhão de lixo, de brinquedo.
"Ele ganhou da avó"
Explica Yasmine.
Já na madrugada desta Terça-feira (191022), por volta das 04:30 horas, Yasmine conta que o filho acordou com o barulho do caminhão.
O menino correu para a janela e acenou:
O lixo estava sendo recolhido.
“Theo acordou gritando ‘o caminhão de lixo, mamãe’.
Correu pra varanda e ficou olhando, mas eles [garis] não viram dessa vez.”
Com a certeza de que a homenagem tinha sido feita, o pequeno Theo, “finalmente dormiu”, relembra a mãe.
Paixão por caminhões
A paixão por caminhões de lixo e pelo trabalho dos garis surgiu quando Theo ainda era bebê. Segundo Yasmine, no começo a relação do menino com os funcionários era de medo, por causa do barulho da coleta.
A mãe diz que "até hoje não se sabe quando virou amor".
"Ele é enlouquecido. Desce ou fica gritando para eles da sala [do 8º andar]. Corre de um lado para outro e assiste o caminhão de todas as janelas da casa."
Inconformado em somente observar, Theo também pede a mãe para seguir os garis que fazem o transporte do lixo.
“Têm dias que temos que ir andando atrás do caminhão, de quadra em quadra"
Diz ela.
A "missão" virou brincadeira na família. Segundo os pais, o menino aprendeu a identificar as marcas e modelos de caminhões, reconhece o som do motor do veículo e, na oportunidade de receber presentes, pede caçambas e carretas de brinquedo.
O carrinho mais recente veio da avó, o brinquedo preferido dele, com a marca de materiais recicláveis.
O sonho, conta a mãe, é ganhar um uniforme de gari.
Dia do Gari
No calendário, o Dia do Gari é lembrado em 16 de Maio. Mas na internet, alguns sites fazem referência ao dia 21 de Outubro como "Dia do Lixeiro".
Não se sabe ao certo a origem das datas, no entanto, a comemoração no início do ano é mais reconhecida entre os profissionais. Sobre o termo, a preferência da categoria, segundo o Sindicato de Trabalhadores de Limpeza Urbana no DF, é para a palavra "gari".