Há pelo menos sete clínicas estéticas que oferecem sexo mediante pagamento no shopping. Uma delas foi fechada pela polícia na quinta (170928).
Parte 2 => Batalhão de massagistas
Com uniforme impecável e cabelo primorosamente penteado na forma de coque, a cicerone da visita pela clínica apresenta todas as profissionais que trabalham no local.
No dia em que a reportagem esteve no estabelecimento (170921), havia oito mulheres à disposição na Pura Beleza. Como em um ritual, as jovens sorridentes ficam enfileiradas em uma sala para que uma delas – ou mais de uma, a depender de quanto o cliente estiver disposto a pagar – seja escolhida.
Quando o visitante decide qual será a profissional, as demais saem da sala e desejam uma boa massagem. Em seguida, a porta é trancada e a negociação começa.
A massagem relaxante custa R$120,00. Por mais R$100,00, podemos fazer uma ‘brincadeira’
Massagista
A mulher se referia à “finalização” manual. Se o cliente quiser penetração vaginal, o valor sobe para R$150,00. Ou seja, no total, a fatura chegaria a R$270,00 mas a profissional disse que o preço final pode ser negociado, a depender dos serviços pedidos.
Sobre a maca onde a massagem é realizada, um recado pregado no teto traz uma mensagem subjetiva:
“Se o final valer a pena,
o caminho não importa”
Após uma hora, o cliente tem direito a tomar um banho antes de deixar a clínica.
O pagamento é feito em dinheiro ou cartão de débito.
Vizinhos reclamam
A presença da clínica incomoda lojistas e funcionários de escritórios que trabalham no mesmo andar. De acordo com um deles, a Pura Beleza funciona há cerca de três anos e sempre levantou suspeitas.
“No começo fiquei feliz quando a clínica abriu, pois achei que era um local para tratamento estético de verdade, voltado para mulheres, mas apenas homens entram lá. Principalmente, no horário de almoço. É possível sentir um cheiro forte de velas aromáticas e incensos”
Contou um dos vizinhos do estabelecimento.
Operação policial
O universo da prostituição no shopping sofreu um golpe nesta semana. Na Quinta-feira (170928), durante a batida na
Toque Suave, sete mulheres e um cliente foram conduzidos para prestar depoimento na
5ª DP.
No momento da ação policial, os proprietários não se encontravam no local. Ao deixar a clínica, uma das garotas quis levar a chave e trancar a sala, o que não foi permitido pela PCDF, que aguardava a chegada da Agência de Fiscalização do Distrito Federal - AGEFIS.
Foram levados cadernos de contabilidade, dezenas de preservativos, dinheiro em espécie e máquina de cartão, entre outros itens.
A ação policial teve como principal objetivo identificar se os proprietários do estabelecimento estão praticando rufianismo = quando alguém recebe vantagens financeiras em decorrência da prostituição de terceiros.
De acordo com o advogado criminalista Eduardo Toledo, a polícia precisa materializar o rufianismo para indiciar os responsáveis pelo estabelecimento.
“A prostituição no Brasil não é crime, mas a exploração sexual, sim. É preciso que se configure a vantagem financeira de terceiros sobre os programas cobrados pelas casas”
Explicou.
Segundo o delegado que investiga o caso, Luiz Gustavo Neiva, os depoimentos prestados pelas sete mulheres revelaram a configuração de crime, pois 30% do valor de cada programa era cobrado pelos donos do local.
“Uma parte significativa dos cachês das massagistas ficava nas mãos dos exploradores. Isso materializa a exploração sexual”
Disse ao Metrópoles.
Outro lado
Procurado pela reportagem o Conjunto Nacional afirmou, por meio de nota,
“que colabora com a operação da Polícia Civil, prestando todos os esclarecimentos necessários”
O shopping reforça ainda que:
“a atividade não condiz com os valores praticados pela companhia e reitera que as salas do 3º ao 6º andar não são de propriedade do Conjunto Nacional, mas de terceiro”
Explica.
O tamanho das lojas comerciais varia aproximadamente entre 40m² e 90m². Em sites especializados na locação de imóveis, o valor do aluguel mensal vai de R$1.500,00 a R$4.500,00.
Quando o Metrópoles noticiou a existência da clínica Toque Suave mantinha um site, que foi retirado do ar após a publicação da denúncia.
Além de informações sobre os serviços, a página exibia fotos das profissionais que trabalhavam no local, em trajes mínimos e poses sensuais:
As profissionais "massagistas":