Caso ocorreu em Planaltina. Segundo a escola, apresentação era sobre educação sexual e a própria direção foi surpreendida pelo conteúdo.
Uma apresentação teatral que tinha o propósito de debater a questão da sexualidade, trabalhando a prevenção a doenças venéreas e a gravidez precoce, causou constrangimentos ao Centro de Ensino Fundamental - CEF 03 de Planaltina-DF.
Durante a encenação, um ator vestido de palhaço entrou em cena com um “pênis gigante” preso à cintura. Em outro momento, o grupo canta “pega, pega a minha rola”.
Havia cerca de 150 estudantes, entre 14 e 16 anos, acompanhando a peça na manhã de Terça-feira (180508), chamada O Auto da Camisinha, da Hierofante Companhia de Teatro, de Ceilândia-DF.
Fotos e vídeos do momento caíram nas redes sociais e revoltaram alguns pais e internautas. No entanto, em parte dos comentários a peça era defendida como ferramenta pedagógica para abordar o tema nas instituições de ensino.
A mãe de duas alunas do colégio disse ao Metrópoles que ficou chocada com a situação. Segundo a mulher, que pediu para não ter o nome divulgado, uma das filhas, de 12 anos, mostrou as imagens e o vídeo que começou a circular em grupos de WhatsApp.
“Ela disse:
‘Olha, mãe, o que aconteceu na minha escola’.”
Segundo a mulher, a filha estuda à tarde e não estava na apresentação. Até porque, não teria idade para assistir ao espetáculo se estudasse no turno matutino.
“Mesmo assim, viu esse absurdo porque recebeu no celular”
Reclamou.
Procurada pela reportagem, a direção do CEF 03 disse que foi pega de surpresa durante a apresentação, pois não foi informada de todo o conteúdo da peça.
Segundo a professora Adriana Reis, supervisora da escola, a ideia era promover, de forma lúdica, a discussão sobre problemas como doenças sexualmente transmissíveis e evitar a gestação durante a adolescência no âmbito da educação sexual.
Recebemos a companhia de teatro, que tem parceria com as secretarias de Saúde e de Cultura, para a apresentação da peça. Nos foram mostrados material como folder ilustrativo, roteiro e temática, que faz parte do currículo oficial.
Mas em nenhum momento nos disseram sobre a música nem sobre a genitália do figurino. Pedimos desculpas ao terrível constrangimento causado à comunidade"
Adriana acrescenta que, como a apresentação era sobre educação sexual, ficou restrita aos alunos maiores, e não houve a presença de crianças durante a encenação. Ainda segundo a docente, a escola tem pedido desculpas aos pais que procuram a instituição em busca de explicações.
O colégio também publicou nota para explicar a polêmica.
“Ressaltamos que o tema faz parte do currículo oficial da Secretaria de Educação e que a parceria primava pela informação no contexto educacional. Ao tratar do tema orientação sexual, busca-se considerar a sexualidade como algo inerente à vida e à saúde, que se expressa desde cedo no ser humano”
Diz trecho do documento.
O CEF 03 afirma ainda que a educação sexual “engloba o papel social do homem e da mulher, o respeito por si e pelo outro, as discriminações e os estereótipos atribuídos e vivenciados em seus relacionamentos, o avanço da Aids e da gravidez indesejada na adolescência, entre outros, que são problemas atuais e preocupantes”.
Em nenhum momento o material entregue pela companhia teatral explicitava cenas com teor pornográfico. A escola não teve acesso prévio às imagens, figurinos e trilha sonora utilizadas na apresentação. Somente o roteiro da peça foi disponibilizado não se evidenciando, em nenhum momento, um teor pornográfico ou de incentivo à prática sexual"
Governo: “houve erro”
Já a Secretaria de Educação do Distrito Federal - SEEDF afirmou, por meio de nota, que “houve um erro, por parte da direção do CEF 03 de Planaltina, ao permitir, sem avaliação prévia de conteúdo, uma apresentação de teatro com a temática de prevenção de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e gravidez na adolescência”.
Segundo a pasta, A intenção pedagógica da direção era enfatizar a importância do uso do preservativo para alunos de 8º e 9º ano do Centro de Ensino Fundamental 03 de Planaltina, em especial por se tratar de uma região com vulnerabilidade social.
“A secretaria ressalta, ainda, que a peça foi sugerida pela própria companhia de teatro, não houve custo para a escola e também não foi submetida à análise da pasta.”
O que diz a companhia teatral
Anderson Floriano, produtor, diretor, gestor e ator da companhia teatral, disse ao Metrópoles que a peça tem caráter lúdico e já foi encenada em países da África e nos Estados Unidos.
“Esse espetáculo existe há 20 anos e já foi encenado mais de 600 vezes, incluindo em outros países. Ele é interpretado em cordel de forma lúdica para falar sobre a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e não tem nada de vulgar. Não queríamos usar um órgão sexual do tamanho natural justamente para evitar essa vulgarização”
Afirmou.
Ainda segundo Floriano, a música A Rolinha, de Selma do Coco, é de 1996, foi tema de Carnaval do ano seguinte e não tem malícia, como foi divulgado.
“As pessoas distorcem o espetáculo sem antes mesmo conhecê-lo”
Critica.
“Somos simples e diretos para atingir os adolescentes. A peça é aberta e quem quiser se retirar não tem problema, mas não é isso que ocorre. Os jovens gostam”
Diz, acrescentando que processará a responsável pela postagem, uma vez que expôs, sem autorização, a imagem de adolescentes.
Confira a polêmica, clique no Link para ver o vídeo no
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