Dupla de moradoras da capital tenta adiar viagem para Dubai, mas enfrenta resistência de agência. Tensões na região tiveram início após morte de general iraniano.
As amigas de Brasília-DF, Jeane Mendonça e Daniela Costa estão tensas. Com viagem marcada para um cruzeiro que parte de Dubai, nos Emirados Árabes, as duas temem embarcar para o Oriente Médio diante dos conflitos entre os Estados Unidos e o Irã.
Desde a semana passada, quando o chefe de uma unidade especial da Guarda Revolucionária do Irã, Qassem Soleimani, morreu em um ataque orquestrado pelos Estados Unidos, a expectativa pela viagem deu lugar à preocupação. A dupla tenta cancelar o embarque, mas afirma que não teve sucesso nas negociações com a agência de viagens.
"Começamos a temer muito mais e a nos dar conta do perigo que estamos correndo com essa viagem"
Afirma Jeane.
O embarque está marcado para esta Quinta-feira (200109). O itinerário da viagem inclui um cruzeiro que parte de Dubai e segue pelo Golfo de Omã e pelo Golfo Pérsico, próximos ao Irã e ao Iraque.
O espaço fica na região afetada pelos conflitos.
Nesta Quarta-feira (200108), o Irã disse que, se houver retaliação dos EUA ao ataque feito pelo país em uma base militar americana no Iraque, Dubai pode ser alvo de bombardeios.
A advogada Jeane Mendonça afirma que a viagem foi planejada para comemorar o aniversário dela. Segundo a servidora pública Daniela Costa, a agência responsável pelo itinerário afirmou que, se não embarcarem, as duas perderão todo o valor pago.
"Eles falaram: ou você desiste perdendo o valor total por estar em cima da hora, ou então você viaja e pode acontecer de perder o itinerário"
Afirma Daniela.
O que diz a empresa
Em nota, a MSC Cruzeiros, empresa responsável pela viagem, informou que "está em constante contato com autoridades locais e internacionais e que até o momento, não recebeu informações ou orientações sobre algum tipo de risco no itinerário da viagem".
Ainda segundo a empresa, "todas as indicações passadas são de uma viagem e navegação segura na região". Por fim, afirma que "não arrisca a segurança dos passageiros e da tripulação".
O que diz o CDC
O direito de se arrepender de uma viagem está previsto no Código de Defesa do Consumidor - CDC. Pela regra, o prazo é de até sete dias após a assinatura do contrato.
O CDC, no entanto, não estabelece normas para casos como o das amigas Jeane e Daniela, com o embarque já muito próximo. O Superior Tribunal de Justiça - STJ, por sua vez, possui um entendimento para casos parecidos e prevê que a agência pode reter até 20% do valor pago em caso de desistência a menos de 29 dias da viagem.
Segundo a advogada das passageiras, Denise Costa há possibilidade de discussão na Justiça.
"No caso delas, é um caso fortuito, então isso é passível de discussão judicial, exatamente pelo CDC não dispor claramente a respeito do caso fortuito"
Afirma.
Segundo Jeane, a decisão de viajar ou não ainda não foi tomada.
"Estamos nessa indefinição.
Eu não arrumei as minhas malas.
Estou indecisa e não sei o que fazer realmente diante dos acontecimentos."
Conflitos no Oriente Médio
As tensões no Oriente Médio se acirraram nos últimos dias após a morte do general Qassem Soleimani. O episódio mais recente foi o bombardeio do Irã à base americana de Al-Asad, no Iraque, na Terça-feira (200107), em retaliação à morte do comandante.
A base é a de maior importância estratégica para os EUA na região e fica no Oeste do Iraque, na província de Anbar. Al-Asad está a cerca de 200 quilômetros de Bagdá e começou a ser usada pelas forças americanas depois da invasão do Iraque pelos EUA, em 2003, que derrubou Saddam Hussein.
As tropas americanas chegaram a deixar a região gradativamente até 2011, mas voltaram a pedido do Iraque.
Com Informações de: G1.
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