Mãe de aluno entregou imagem à Polícia Civil. Professor afirma que 'não recebeu treinamento'; Secretaria de Educação diz que ele 'agiu por conta própria'.
O professor de 'Língua Portuguesa' afastado pela Secretaria de Educação do Distrito Federal após usar expressões de sexo explícito durante aula também fez um desenho mostrando uma posição sexual para estudantes de 12 anos, em uma escola pública da Asa Norte-DF.
Uma imagem foi entregue pela mãe de uma aluna à Polícia Civil, nesta Quarta-feira (191120).
A aula ocorreu no dia 13 de Novembro, no Centro de Ensino Fundamental - CEF 104, em Brasília-DF. O professor Wendel Santana, de 25 anos, trabalhava como temporário e dava aula para uma turma do 6º ano.
Ele pediu para os alunos escreverem uma redação sobre sexo oral e anal. Antes, promoveu um debate e escreveu no quadro as palavras usadas.
Além das expressões, Wendel fez uma ilustração da posição de sexo oral. O desenho mostra dois números que indicam a posição de duas pessoas em um ato sexual.
As fotos do quadro, entregues à polícia, foram feitas por uma das estudantes que "se sentiu incomodada com o conteúdo" e mostrou para a família. A Secretaria de Educação disse o professor "agiu por conta própria, sem consultar a ninguém".
Já Wendel Santana reconheceu que escreveu expressões de conotação sexual no quadro, mas explicou que "a ideia era mostrar a diferença entre maneiras formais e informais de falar sobre sexo".
O que diz o professor
O G1 tentou contato com o professor, nesta Quinta-feira (191121). No entanto, até a última atualização desta reportagem, ele não respondeu às mensagens e nem atendeu as ligações.
Na Segunda-feira (191118), ele disse que "não recebeu treinamento adequado". Segundo Wendel, não houve qualquer instrução por parte da escola e o que propôs foi um exercício de linguagem.
"A linguagem que eles trazem pra mim é uma linguagem totalmente informal. Foi isso que eu vi. O exercício que eu propus foi trazer essa informação de linguagem informal e adaptá-la para uma linguagem formal, que é a linguagem da educação de fato".
O que diz a Secretaria de Educação
A Secretaria de Educação informou ao G1 que o professor "agiu por conta própria, sem consultar ninguém".
De acordo com a pasta, Wendel deveria ter seguido o plano de aulas elaborado pelo educador titular da turma e que já tinha sido aprovado pela escola.
A secretaria afirma que o professor foi devidamente orientado pela coordenação pedagógica ao assumir a turma. No entanto, reconhece que não há um curso de formação para os professores temporários.
"Há substituições, por exemplo, de apenas um dia, o que inviabiliza cursos de formação. Todos, obrigatoriamente, fizeram cursos de licenciatura, sendo, portanto, legalmente habilitados a dar aula, além de ter orientadores pedagógicos disponíveis para acompanhá-los e solucionar suas dúvidas"
Diz a pasta.
A investigação
Wendel foi demitido na última Segunda-feira (191118). A conduta do educador é investigada pela 2ª Delegacia de Polícia, da Asa Norte, depois que o diretor da escola e pelo menos cinco famílias registraram queixa.
De acordo com o delegado Laércio Rossetto, por enquanto, a polícia ainda reúne as provas para analisar o caso. O Ministério Público do Distrito Federal - MPDFT também investiga a situação.
Segundo o MP, "o inquérito corre em sigilo para preservar o andamento das investigações e porque envolve menores de idade".
Pais revoltados
Após a divulgação do caso, pais de alunos do CEF 104 ficaram revoltados. A corretora de seguros Vanessa Damares, mãe de um dos estudantes, disse que não pode concordar com o conteúdo apresentado pelo professor em sala de aula.
"Primeiro que aquilo ali não é educação sexual.
Eu acho que aquilo é pornografia, uma coisa vulgar coisa que criança nenhuma merece passar."
Adriana Sarino, que também é mãe de um aluno, afirmou que o filho não conhecia as expressões antes do educador apresentá-las em sala.
"Fiquei perplexa porque o meu filho só tem 12 anos".
Professores temporários
O Distrito Federal tem mais de 26.000 professores efetivos. Quando eles se afastam para fazer cursos, entram de licença médica ou licença-prêmio, a Secretaria de Educação contrata professores temporários.
De acordo com a pasta, há 10.900 professores temporários na rede pública no momento. Eles ganham por hora-aula e tem contrato de, no máximo, um ano.
Entre as exigências para ser professor temporário, estão:
Ter mais de 18 anos;
Não ter condenação criminal;
Ser aprovado numa prova objetiva de conhecimentos básicos, complementares e específicos.
Com Informações de: G1.
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