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20 maio 2019

DISTRITO FEDERAL - Vídeo mostra policial entrando em prédio para matar servidora

Segundo uma amiga da vítima, Débora já havia sido agredida pelo acusado e se escondia do agente, que tirou a própria vida.


                  O comportamento agressivo do agente de Polícia Civil do Distrito Federal Sérgio Murilo dos Santos, 51 anos, deixou a professora da rede de ensino do Distrito Federal Débora Tereza Correia, 43 anos, em alerta. 

                  Ela chegou a mudar de endereço, trocar o número de celular e o local de trabalho, além de tirar todas as correspondências de seu nome para que o ex não a encontrasse.

                  As medidas tomadas por Débora, no entanto, não foram suficientes para evitar que fosse vítima de feminicídio. Na manhã desta Segunda-feira (190520), ela foi morta pelo policial dentro do prédio da Secretaria de Educação, na 511 Norte, onde ela cumpria mais um dia de trabalho. 
                  O agente tirou a própria vida logo depois.


                  Imagens do circuito interno do prédio, às quais o Metrópoles teve acesso, mostram o policial entrando no prédio. Ele se identifica na portaria, passa a cartão na catraca e tem acesso ao edifício.

                  De acordo com uma amiga de Débora, Sérgio não aceitava o fim do relacionamento. “Ele chegou a ir na escola onde ela trabalhava para fazer ameaças. Em um dos episódios, foi agredida durante três horas dentro do carro. Os crimes foram denunciados, mas ele não obedecia as medidas protetivas. Sempre conseguia encontrá-la. Não a deixava em paz”, contou a mulher, que pediu para não ser identificada. Ainda de acordo com a amiga, o relacionamento entre os dois teve início em 2017.

                  Para a mulher, o agente, que tinha passagens e já havia sido condenado, não poderia andar armado. “A polícia tinha conhecimento de que ele era um assassino em potencial. A Débora era uma pessoa incrível. A gente brincava que íamos envelhecer juntas e amigas”, destacou.

                  O crime ocorreu no terceiro andar do prédio, por volta das 10h. Houve pânico e correria quando o policial fez os disparos. “Eles discutiram no corredor em frente à sala dela, momento no qual ela se agachou e ele atirou na professora”, ressaltou o secretário de Educação, Rafael Parente, que foi ao local. O expediente foi suspenso no Edifício Bittar III.

                  Uma testemunha que não quis de identificar disse que estava no 2º andar do prédio quando ouviu o barulho dos tiros. “A cena era de terror. Ninguém sabia o que tinha ocorrido. Houve muita gritaria e pessoas se sentiram mal. Estamos aqui há uma semana. Uma tragédia”, afirmou.

Os servidores estão muito abalados. Muitos passaram mal e tiveram de ser atendidos pelos bombeiros. “Confirmado que foi um caso de feminicídio. O assassino foi namorado da professora. Faremos tudo para amparar a família e os colegas. Todos terão apoio psicológico”, assinalou o secretário.

                  “Eu trabalhava com ela [Débora] e estou chocada. Não sabíamos muito da vida pessoal dela, mas acreditamos que estava separada”, disse outra pessoa que trabalha no mesmo prédio. Débora era servidora da Secretaria de Educação Débora desde 2001. Trabalhou como professora, mas no momento não estava em sala de aula.

                  De acordo com o delegado-chefe da 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), Laércio Rossetto, os disparos foram feitos com uma pistola calibre .40. “Já tinha outras ocorrências registradas da vítima contra o autor, mas não temos conhecimento se havia medida protetiva”, destacou o investigador.

                  A polícia faz varredura no prédio para ver se imagens do circuito de câmeras de segurança flagraram o agente entrando no edifício e cometendo o crime. O caso será entregue à Corregedoria da PCDF.

                  Há, segundo o delegado, pelo menos duas ocorrências contra Sérgio. Uma registrada em 2017 e outra em 2018, por ameaça e perturbação da tranquilidade. Uma delas feita na Delegacia de Mulher - DEAM.

                  “Estamos muito tristes. A nossa nova sede foi inaugurada há uma semana. Estou em choque com a situação. Na primeira semana, ocorre esse assassinato. Agora queremos trabalhar para que as pessoas se sintam seguras aqui. Para que isso não continue acontecendo nos órgãos”, assinalou outra testemunha.

Ameaça

                  No prédio, há câmeras de segurança, mas não detector de metais. Em março deste ano, um professor de violino da Escola de Música de Brasília (EMB) invadiu a sede da Secretaria de Educação, no Setor Bancário Norte. Ele estava armado com uma faca e uma besta (espécie de arco e flecha), mesmo equipamento utilizado pelos atiradores do massacre da Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP). Ele também tinha cinco setas dentro da mochila.

                  O homem subiu até o 12º andar do prédio, localizado no Bloco C da Quadra 2 do Setor Bancário Norte. No pavimento, funciona o gabinete do secretário de Educação, Rafael Parente. O chefe da pasta não estava no momento, pois tinha ido ao Palácio do Buriti para se reunir com o vice-governador do DF, Paco Britto. O professor acabou preso e depois foi internado em um hospital psiquiátrico.

Nota da PCDF



                  Em nota, a PCDF confirmou o envolvimento de um servidor da corporação no feminicídio seguido de suicídio. “A instituição lamenta profundamente o episódio. As circunstâncias estão sendo apuradas e, posteriormente, traremos mais detalhes”, destacou.

                  Em agenda pública nesta segunda (190520), o governador Ibaneis Rocha (MDB) assumiu o compromisso de lançar uma campanha de conscientização para combater a violência contra a mulher. Segundo o emedebista, as vítimas de agressões e ameaças, seus familiares e amigos precisam denunciar os agressores com mais rapidez às autoridades.

                  “Eu fico realmente muito entristecido com essa situação. A polícia está apurando. É um crime bárbaro, cruel. Nós estamos fazendo todos os esforços. Mas, infelizmente, vamos ter que fazer muitas campanhas de esclarecimento, para que tenhamos não só as mulheres fazendo as denúncias e se protegendo mas também os vizinhos e os familiares”, disse o emedebista.

                  De acordo com o governador, o Executivo vai fazer uma grande campanha publicitária para que as mulheres se sintam encorajadas a denunciarem cada vez mais seus agressores. Além disso, planeja discutir novos mecanismos para enfrentar a violência doméstica junto com o Judiciário.


Casos de feminicídio

                  Apenas neste ano, 13 mulheres foram vítimas de feminicídio no DF. 
                  Em maio, a PCDF computou quatro casos. 
                  O penúltimo deles ocorreu na terça-feira (190514), em Taguatinga-DF.

                  Henrique Farley Carneiro de Almeida, 36 anos, matou a companheira a facadas e jogou o corpo dela em uma tubulação de esgoto, na chácara Santa Luzia. Maria de Jesus do Nascimento Lima, 29, foi encontrada após a polícia receber denúncias sobre a existência de um corpo no local.

                  Na casa da vítima, os investigadores da 21ª Delegacia de Polícia encontraram a frase “Culpado. Foi ele quem me matou” escrita na parede com caneta esferográfica azul.

                  Com Informações de: Metrópoles.

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JISOHDE FOTOGRAFIAS

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