Técnicos do TSE apontaram 23 supostas inconsistências nas contas da campanha eleitoral do presidente eleito. Entre os gastos sob suspeita estão despesas com advogados e gráficas.
O ministro Luís Roberto Barroso, do Tribunal Superior Eleitoral - TSE, intimou nesta Terça-feira (181113) a campanha do presidente eleito, Jair Bolsonaro, a prestar esclarecimentos, em até três dias, sobre 23 "inconsistências" na prestação de contas do presidente eleito apresentada na última Sexta-feira (181109).
As supostas irregularidades foram apontadas por técnicos da Assessoria de Exame de Contas Eleitorais e Partidárias - ASEPA do Tribunal Superior Eleitoral - TSE.
Relator no TSE das contas de campanha, Barroso terá que submeter o procedimento a julgamento no plenário do tribunal eleitoral.
Ainda não há data marcada para a Corte analisar o caso.
A diplomação de Bolsonaro está marcada para o dia 10 de Dezembro. Para receber o diploma, os candidatos eleitos precisam estar com o registro de candidatura deferido e as contas de campanha julgadas, não necessariamente aprovadas.
Os técnicos do TSE apontaram 23 "inconsistências" que envolvem indícios de impropriedade (erro formal ou dados inexatos) e indícios de irregularidade (suspeitas na prestação), além da falta de documentos e pediram que a campanha enviasse mais documentos, como contratos e comprovações de serviços e gastos.
Barroso considerou "pertinentes" os pedidos e notificou a campanha a apresentar os esclarecimentos.
"São pertinentes as diligências propostas pela Assessoria de Exame de Contas Eleitorais e Partidárias . Diante do exposto, determino a intimação do candidato Jair Messias Bolsonaro, [...] para, no prazo de 3 (três) dias, complementar dados e documentação e/ou prestar esclarecimentos / justificativas, com vistas ao saneamento dos apontamentos"
Diz trecho da decisão.
Prestação de contas
Segundo o extrato final da prestação de contas, a campanha de Bolsonaro arrecadou R$4.377.640,36. Foram gastos R$2.812.442,38, dos quais R$2.456.215,93 foram efetivamente pagos.
As sobras de campanha somam R$1.565.197,98, Bolsonaro afirmou nesta semana que irá doar as sobras para a Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora-MG, onde foi atendido após ser esfaqueado em 06 de Setembro.
Veja um resumo dos 23 questionamentos apontados por técnicos do TSE nas contas de Bolsonaro:
01 Despesas com mídias digitais com empresa Adstream, R$6.260,00 - pedem números de notas fiscais;
02 Despesas com serviços advocatícios com empresa Kufa Sociedade de Advogados, R$50.000,00, pedem detalhamento dos serviços prestados, relação dos processos em que escritório atuou, relação de todos os advogados que atuaram;
03 Despesas com serviços contábeis não foram declaradas, mas aparece como serviço do escritório de advocacia, pedem dados sobre serviços contábeis prestados, identificação dos contadores;
04 Despesas com material impresso com quatro empresas, R$71.000,00, pedem amostras dos materiais produzidos, como adesivos, painéis e bótons e também informações sobre se essas empresas subcontrataram outras empresas.
05 Devolução de receitas, R$95.000,00, Campanha avisa que devolveu R$95.000,00 em doações para quatro pessoas físicas e técnicos dizem que, como não há previsão para devolução de doações legais, qual motivo de o candidato se recusar a receber os valores;
06 Financiamento coletivo com empresa sem registro, R$3.500.000,00, técnicos afirmam que a empresa AM4 não tinha cadastro para prestar serviços de arrecadação por meio do financiamento coletivo e pedem também detalhamento sobre as empresas Aixmobil e Ingresso Total, que também atuaram com arrecadação por meio de financiamento coletivo, as "vaquinhas";
07 Descumprimento de prazo para entrega de relatório com receita de R$1,566.812,00;
02 Despesas com serviços advocatícios com empresa Kufa Sociedade de Advogados, R$50.000,00, pedem detalhamento dos serviços prestados, relação dos processos em que escritório atuou, relação de todos os advogados que atuaram;
03 Despesas com serviços contábeis não foram declaradas, mas aparece como serviço do escritório de advocacia, pedem dados sobre serviços contábeis prestados, identificação dos contadores;
04 Despesas com material impresso com quatro empresas, R$71.000,00, pedem amostras dos materiais produzidos, como adesivos, painéis e bótons e também informações sobre se essas empresas subcontrataram outras empresas.
05 Devolução de receitas, R$95.000,00, Campanha avisa que devolveu R$95.000,00 em doações para quatro pessoas físicas e técnicos dizem que, como não há previsão para devolução de doações legais, qual motivo de o candidato se recusar a receber os valores;
06 Financiamento coletivo com empresa sem registro, R$3.500.000,00, técnicos afirmam que a empresa AM4 não tinha cadastro para prestar serviços de arrecadação por meio do financiamento coletivo e pedem também detalhamento sobre as empresas Aixmobil e Ingresso Total, que também atuaram com arrecadação por meio de financiamento coletivo, as "vaquinhas";
07 Descumprimento de prazo para entrega de relatório com receita de R$1,566.812,00;
08 Indício de irregularidade no recebimento de doações do fontes proibidas, permissionários, R$5.200,00, técnicos apontam que lei proibido recebimento de recursos de quem tem atividade decorrente de permissão pública;
09 Indício de irregularidade no recebimento de recursos com origem não identificada, R$100,00;
10 Indício de irregularidade de doações recebidas com divergência na identificação dos doadores, R$5.030,00, divergências de dados informados dos doadores com base de dados da Receita (Nome do doador não bate com o CPF cadastrado na Receita);
11 Indício de impropriedade na divergência de informações de doações indiretas, R$345.000,00, técnicos informam que repasse da campanha de Eduardo Bolsonaro para o pai;
12 Indício de irregularidade com ausência de gastos eleitorais na prestação de contas parcial, R$147.727,02, gastos que não foram prestadas dentro do prazo correto;
13 Indício de irregularidade na omissão de despesas, R$147.948,81, técnicos dizem que cruzamento de dados mostrou que fornecedores informaram gastos omitidos pela campanha;
14 Indício de irregularidade com divergência de informações em doações, R$3.796,86, doadores informaram maiores valores em relação ao declarado pelo candidato;
15 Indício de irregularidade, R$20.958,16, técnicos apontam omissão de doações no cruzamento de informações com outros prestadores;
16 Indício de irregularidade com dinheiro de sobra de campanha transferido a outro partido, R$10.000,00, técnicos apontam repassem ao PRTB, quando lei só permite que tivesse sido repassado ao próprio PSL;
17 Indício de irregularidade com falta de documentos de comprovação de doações estimáveis (destinação de espaços ou trabalho), R$6.913,60, falta de documentação de espaço cedido ou outros serviços doados;
18 Indício de irregularidade em doações estimáveis que não constavam na prestação parcial, R$24.916,83, técnicos apontam que os valores não foram lançados no devido tempo, como prevê resolução;
19 Indício de irregularidade em doações estimáveis que não constavam na prestação parcial, R$2.511,54, técnicos apontam que medida frustra transparência e fiscalização;
20 Indício de impropriedade, divergência na data de abertura de contas bancárias;
21 Ausência de recibo eleitoral em arrecadação de recursos estimáveis (trabalho voluntário e outros);
22 Falta de documentação nas despesas, como contratos e relatórios de serviços prestados por várias empresas;
23 Indício de irregularidade no recebimento indireto de recursos, R$100,00, doação não identificada por meio de vaquinha virtual recebida por meio do partido e que deveria ter sido recolhida ao Tesouro.
Com Informações de: G1.
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