De acordo com a polícia, Adélio Bispo de Oliveira fotografou locais em que o presidenciável estaria em Juiz de Fora e teve acesso a hotel onde estava programado almoço com empresários.
Adélio Bispo de Oliveira, agressor do candidato à presidência da República Jair Bolsonaro (PSL), foi indiciado por prática de atentado pessoal por inconformismo político, crime previsto na Lei de Segurança Nacional.
O inquérito da Polícia Federal - PF, ao qual a TV Globo teve acesso com exclusividade e que foi concluído nesta Sexta-feira (180928), afirma que ele agiu sozinho no momento do ataque e que a motivação “foi indubitavelmente política”.
Um segundo inquérito foi aberto para dar continuidade às apurações.
“No que tange à participação ou coautoria no local do evento, a partir de evidência colhidas, descarta-se o envolvimento de terceiros”
Diz o inquérito.
O ataque contra Bolsonaro aconteceu no dia 06 de Setembro, quando o presidenciável participava de um ato de campanha, em Juiz de Fora-MG, na Zona da Mata de Minas Gerais. O agressor foi preso em flagrante logo após o atentando e confessou a autoria do crime nas três ocasiões em que foi ouvido pela PF.
Foram verificados mais de 250 gigabytes de informações em mídias, incluindo dados de celulares e do notebook do suspeito, assim como cerca de 600 documentos. A PF ainda teve acesso a mais de 6.000 mensagens instantâneas e 1.060 e-mails, que seguirão sendo analisados no segundo inquérito.
Ainda há necessidade de novas quebras de, pelo menos, outros seis e-mails e três telefones usados pelo investigado.
Fotos dos locais por onde Bolsonaro passaria
A investigação da Polícia Federal é coordenada pelo delegado Rodrigo Morais. Segundo a PF, antes do atentando, o investigado fotografou locais em que Bolsonaro estaria em Juiz de Fora, como a Câmara Municipal, e também um outdoor que anunciava a presença de Bolsonaro na cidade.
Em outras fotos encontradas no celular de Adélio Bispo de Oliveira, “restou evidenciado que esteve acompanhando o presidenciável Jair Messias Bolsonaro durante todo o dia, tendo tido, inclusive, acesso a ao hotel em que estava programado um almoço com empresários”.
“Configuram-se, portanto, indubitavelmente, indícios robustos de que houve uma decisão prévia, reflexiva e arquitetada, por parte de Adélio Bispo de Oliveira para atentar contra a vida do candidato”
Diz a PF.
No computador, havia “arquivos relacionados a contatos de pessoas, partidos e organizações afinadas com a ideologia de esquerda”.
De acordo com a PF, outros eventos da vida pretérita levantam suspeitas quanto ao planejamento do crime. Entre eles, está o cadastro em uma escola de tiro, em Florianópolis-SC, frequentada por Carlos Bolsonaro.
Segundo um dos depoimentos, no último dia de curso, o filho do candidato teria chegado à cidade.
“Neste dia, (...) Adélio Bispo de Oliveira teria demonstrado comportamento estranho, sempre olhando para a porta, entre outras reações não usuais”
Afirma o depoimento.
A polícia informou que este episódio será aprofundado no outro inquérito.
“A escolha da arma do crime, por sua vez, pode ser atribuída a uma facilidade com o manejo de facas, uma vez que trabalhou com o uso desta ferramenta em açougue e em restaurantes”
Conclui a polícia.
Durante as apurações, o sigilo bancário de Adélio Bispo de Oliveira também foi quebrado, mas os dados analisados
“não trouxeram indicativos de aportes de recursos de suspeitos”.
PF descartou participação de mulher de óculos
A Polícia Federal chegou a colher depoimentos de possíveis outros envolvidos no crime, mas a participação no atentado não foi comprovada.
Um deles é um homem que, segundo um colaborador da segurança de Bolsonaro, estaria com o agressor momentos antes do ataque e que teria comemorado após o crime. Entretanto, durante a investigação, segundo a PF, não foi possível apontar qualquer relação, vínculo ou conexão entre eles.
A hipótese de que uma mulher de óculos escuros teria repassado a faca usada no crime para um homem que, por sua vez, teria dado o objeto ao investigado também não foi constatada.
De acordo com o inquérito, surgiram ainda várias postagens inverídicas em redes sociais, apontando outros manifestantes como coatores. Algumas pessoas, inclusive, foram espontaneamente à PF para prestar esclarecimentos e até registrar ocorrência porque passaram a ser insultados e ameaçados na internet.
O envolvimento de outras pessoas fora do local do crime ainda é apurado.
“Impõe-se o prosseguimento da investigação com todos os recursos e meios disponíveis pelo estado, a fim de identificar eventuais pessoas ou grupos criminosos que possam supostamente ter atuado como mandantes, colaboradores materiais ou mesmo instigando ou induzindo o autor”
Por isso, nesta semana, o novo inquérito foi instaurado para dar prosseguimento as investigações.
Segundo a polícia, a pena para o crime pelo qual Adélio Bispo de Oliveira foi indiciado é de três a dez anos de prisão e, em caso de lesão corporal grave, pode ser aumentada até o dobro.
Com Informações de: G1.
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