Animal teve escoriações superficiais e lesão no pulmão. Com capacidade pulmonar comprometida, a caça poderia ser afetada, impactando na saúde da onça. Atropelamento ocorreu na zona rural e motorista ligou para a PM pedindo ajuda.
Uma equipe formada por policiais e três veterinários se mobilizou para salvar a vida de uma onça-parda em Unaí-MG, Noroeste de Minas Gerais. O filhote foi atropelado em uma estrada na zona rural. O motorista ligou para a Polícia Militar, pedindo ajuda já que o animal estava agonizando.
A veterinária Juliana Mori, que faz parte da equipe que atendeu a onça e tem especialização em clínica e cirurgia de animais selvagens e exóticos, explica que trata-se de uma fêmea, com aproximadamente seis meses.
“Ela teve escoriações superficiais e apresentou uma contusão pulmonar, diagnosticada por exame clínico e de ultrassom. A lesão faz com que a capacidade pulmonar dela seja reduzida, ela poderia ter dificuldades para caçar, por exemplo, já que é uma atividade que exige que ela corra.”
A especialista afirma que nessa idade as onças ainda estão aprendendo a sobreviver na natureza. Até um ano, elas são ensinadas a caçar e geralmente ficam perto da mãe. A onça-parda é o segundo maior felino do Brasil, ficando atrás apenas da onça-pintada.
O atendimento de um animal silvestre exige procedimentos específicos. Para prestar a assistência à onça, Juliana Mori contou com a ajuda dos colegas Wilson Alcebíabes, que é anestesista, e Antônio Guilherme Ribeiro, clínico geral.
“Além dos equipamentos de proteção normais, usamos a contenção química, para sedar e permitir que o animal seja examinado, com objetivo de garantir segurança durante o atendimento. Nesse caso, usamos ainda medicamentos analgésicos, anti-inflamatórios e antibióticos”
Diz Juliana Mori.
A veterinária fala que não é possível estimar em quanto tempo a lesão do pulmão seja curada. Em cães e gatos, alguns dias seriam suficientes. O fato de ser um jovem animal é um ponto que favorece a recuperação.
O filhote permanece no quartel da Polícia Militar até que possa voltar à natureza.
"Quando um animal silvestre se deixar capturar é porque está muito ferido. Por isso, quando chegam até nós, muitos não sobrevivem. A sensação de poder tratar deles e devolvê-los de volta à natureza é única, é muito gratificante.”
Uso de microchip
Nesta Terça-feira (200519), o filhote foi levado novamente ao consultório veterinário para passar por uma segunda avaliação. Foi feita a coleta de material para exames de fezes e hemograma. A onça também ganhou um chip, que não permite localizá-la, mas é utilizado para o armazenamento de dados.
“Como ela não tem alguma marca que a identifique, o microchip serve para isso. Passa-se uma leitora e, por meio de um número, dá para saber os dados do animal, quando foi capturada pela primeira vez, o que aconteceu, a idade.
Os dados são jogados em um sistema e tudo fica armazenado. Achamos por bem colocar até para saber, se for capturada novamente, o tanto que percorreu de distância, imaginar o território dela”
Explica Juliana Mori.
Consciência ambiental
O tenente Marcos Paulo trabalha há 25 anos na Polícia Militar de Meio Ambiente e também ajudou nos cuidados com a onça.
"Foi uma atitude digna da pessoa que comunicou o atropelamento para que a gente pudesse salvar o animal, a maioria das pessoas não faz isso. Vamos nos esforçar para que devolvê-la à natureza assim que possível"
Disse.
O tenente fala ainda que resgates de animais silvestres são comuns na região de Unaí e cita que, recentemente, um lobo guará e uma jaguatirica foram soltos em uma reserva após serem capturados.
Ambos estavam comendo galinhas em propriedade rurais.
“Sabemos que, infelizmente, algumas pessoas acabam matando animais na tentativa de resolver o que pensam ser um problema. A orientação é ligar para a Polícia Militar, para entendermos toda a situação, avaliarmos o que está levando aquele bicho para aquele local e o que está fazendo com que tenha determinado comportamento. Os conflitos entre o homem e a natureza sempre vão existir. O que precisamos fazer é administrá-los considerando a melhor solução para os dois lados”
Disse o militar.
O policial esclarece que o processo de soltura dos animais resgatados precisa ser analisado em vários aspectos, por isso, conta com envolvimento de diferentes órgãos ambientais e conta com um plano de manejo.
“Não podemos simplesmente pegar um animal e soltar em outro lugar. Dessa forma, não estaremos resolvendo um conflito, apenas estaremos transferindo para outro local.”
Com Informações de: G1.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário!
Seu nome e sua cidade são indispensável