Manifestantes afirmam que foram convocados para uma reunião com a PM e que seriam expulsos da Fazenda Norte América, ocupada desde abril pelo grupo. Rodovia ficou fechada nos dois sentidos por cerca de três horas.
Um grupo de cerca de 50 pessoas, integrantes do Movimento Frente Nacional de Luta - FNL, interditou a MG-122, próximo ao município de Capitão Enéas-MG, no início da tarde desta Quinta-feira (180712).
A interdição ocorreu aproximadamente oito quilômetros antes do trevo da entrada da cidade, à altura do Km 38. Os manifestantes atearam fogo em pedaços de pau e pneus para impedirem a passagem de veículos.
O protesto, segundo uma representante do grupo, tem relação com a ocupação feita pelo FNL na Fazenda Norte América; o grupo ocupa a propriedade desde abril de 2018.
Eles querem garantir que a reintegração de posse das terras não seja feita pelos donos da propriedade. Ainda segundo o grupo, o protesto foi marcado porque uma reunião havia sido convocada pela Polícia Militar de Capitão Enéas. O FNL acredita que os ocupantes da fazenda seriam expulsos das terras da Norte América à força.
“Estamos há mais de dois anos nesta luta e ficamos sabendo de uma reunião entre os policiais e nosso grupo. A intenção é tirar a gente da área, mas não temos onde morar. Não temos onde colocar nossas crianças, e por isso estamos reivindicando, colocando fogo em tudo o que encontramos para que os carros não passem”
Afirma Graciele Oliveira, integrante da FNL.
O que diz a PM
De acordo com a Polícia Militar, a reunião marcada com o movimento tinha por objetivo realizar a conciliação entre os manifestantes e os donos da propriedade.
“Estava prevista uma reunião referente à invasão da Norte América. Nosso objetivo é evitar intervenção traumática na área. A reunião marcada não era de reintegração de posse, mas de pré-negociação, conforme manda o protocolo da Polícia Militar.
Todos os envolvidos foram notificados previamente e não entendemos as razões pelas quais tirou-se essas conclusões”
Afirma o major Giovani Rodrigues.
A gerência da Fazenda Norte América foi procurada pelo G1, mas até esta publicação não retornou para comentar o assunto. A rodovia foi liberada após cerca de três horas de manifestação, por volta das 15:00 horas desta Quinta-feira.
Ocupação e conflito
Cerca de 120 sem terras, integrantes do FNL, participaram da invasão na Fazenda Norte América. Logo após o início da ocupação, os administradores da fazenda retiraram animais feridos, entre cavalos de raça e vacas leiteiras; eles estavam com cortes na pele e dermatites. Os animais ficaram sob os cuidados de veterinários em Montes Claros-MG e não há confirmação oficial da polícia se os ferimentos são posteriores à ocupação.
No início de março um sem-terra foi baleado e outros cinco foram agredidos na fazenda. Na época, seis funcionários da propriedade foram presos. De acordo com a polícia, um grupo chegou em um caminhão baú e desceu do veículo atirando contra os ocupantes da fazenda, que revidaram o ataque.
As ocupações e conflitos na propriedade já ocorreram em outros momentos. Em janeiro de 2017, o movimento invadiu a propriedade sob a alegação que as terras foram adquiridas em um leilão e o valor não foi pago, e que apenas parte das terras era utilizada para a criação de cavalos de raça. Ainda segundo o movimento, a fazenda é improdutiva.
Em abril de 2017, três integrantes do MST foram baleados na Fazenda Norte América em consequência de um conflito de terra. Na época, o MST disse que eles foram vítimas de uma emboscada e que foram recebidos a tiros ao chegarem na sede da fazenda, onde participariam de uma reunião.
A dona da fazenda informou que era falsa a informação veiculada sobre atos violentos supostamente praticados pela administração do local.
Um mês após o ocorrido, as polícias Civil e Militar apreenderam armas, munições e uma caminhonete durante cumprimento de dois mandados de busca e apreensão na Fazenda Norte América e na Fazenda Canoas, em Montes Claros.
Na ocasião, o advogado da Fazenda Norte América lamentou o cumprimento de mandado de busca e apreensão no local devido ao conflito que ocorre entre a propriedade e integrantes do Movimento dos Sem Terra - MST.
Com Informações de: G1.
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