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03 abril 2020

MINAS GERAIS - 'Antes do vírus, o que preocupa é a fome', diz líder indígena de Minas Gerais sobre pandemia

Segundo Célia Xakriabá, uma política pública destinada às aldeias é urgente. Um caso suspeito de Covid-19 foi registrado em um território indígena entre Minas Gerais e Espírito Santo.


“Somos um povo de costumes coletivos. Estamos fazendo todo esforço possível para que o primeiro caso não chegue. Se chegar, será um extermínio”
                Disse a doutora em antropologia pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG e líder indígena, Célia Xakriabá.

                Ela cobra políticas públicas destinadas às aldeias no combate à pandemia do novo Coronavírus. Principalmente recursos para a sobrevivência dos povos.

"Antes do vírus, o que preocupa é a fome. Os povos que vivem no estado têm relação com a vida urbana. Com o comércio fechado e aldeias isoladas, muita gente está tendo problemas com alimentação”
                Disse Célia.

                As plantações não são suficientes para abastecer toda a aldeia, segundo ela. Há cerca de 11.000 xacriabás em Minas Gerais. Grande parte do território fica na cidade de São João das Missões-MG, no norte do estado.

                É um desafio para aqueles que querem acessar mercadoria. 

"Foi proibido a entrega de produtos na aldeia”
                Disse ela.

                A pandemia também afetou hábitos do povo Xakriabá.

“Quando venho aqui, a primeira coisa é ir na casa das minhas tias mais velhas. É difícil para os anciões entenderem este afastamento”
                Contou Célia que se divide entre a aldeia e a Belo Horizonte-MG onde está concluindo o doutorado.

                De acordo com ela, a costume que os índios sempre visitem a casa de seus vizinhos. Mas isso teve mudar por causa do novo coronavírus. 

“Meu avô de 80 anos mora com a gente. Ele caminha todo dia. Ia na casa dos outros e agora conversamos com ele. É um desafio não poder se movimentar”
                Disse.

                Apenas equipes de saúde são permitidas dentro da aldeia. 

“Essa doença pode se alastrar muito rapidamente”
                Disse Célia.

                O balanço divulgado pelo Distrito Sanitário Especial Indígena Minas Gerais-Espírito Santo - DSEI-MG-ES nesta Quarta-feira (200401) apontou um caso suspeito de Covid-19 em uma das aldeias da região. 

                Ainda não há informações sobre o local ou tribo atingida. 
                No Amazonas, um caso em indígena de 20 anos foi confirmado.

“Precisamos de uma política pública destinada aos povos indígenas. Compra de Equipamentos de Proteção Individual - EPI, insumos, vacinação contra gripe. É urgente”
                Disse Célia.

                Um plano emergencial tramita no Congresso Nacional, em Brasília-DF. Ele determina medidas específicas de vigilância sanitária e epidemiológica para prevenção do contágio e da disseminação do novo coronavírus. Ainda ha um prazo para que ele entre em votação.

                A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais - SES-MG informou que mantém diálogo com as lideranças indígenas e orientações de isolamento social estão sendo feitas. 


                O órgão disse ainda que “efetuou o pagamento emergencial de 75% do custeio da Resolução SES-MG nº 6.894/2020 no valor de R$1.154.395,18 para ações de enfrentamento à epidemia”.

“Por conta da nossa situação de vulnerabilidade, da invisibilidade e cegueira social, essa pandemia pode significar o nosso extermínio”
                Disse Célia.

Comitê nacional

                O Ministério da Saúde criou um Comitê de crise nacional em comunidades Indígenas, para monitorar impactos da Covid-19, doença causada pelo Coronavírus
                A portaria foi publicada no Diário Oficial da União nesta Quinta-feira (200402).

                Segundo a portaria, o comitê será formado por outros 35
                Um central, formado por membros da Secretaria especial de saúde indígena; e os distritais, representantes dos 34 distritos sanitários especiais indígenas. O documento estabelece que o comitê central se reúna uma vez ao dia, presencialmente ou por videoconferência.

                Com Informações de: G1.

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