Ismar Prado (PMB) e o ex-parlamentar William Alvorada destinaram, pelo menos, R$116.800,00 à companhia registrada no mesmo endereço de cooperativas investigadas na Operação "Poderoso Chefão”.
O vereador Ismar Prado (PMB) e o ex-vereador William Alvorada também teriam utilizado verbas indenizatórias para contratar a empresa Ideal Assessoria e Serviços Ltda, que segundo o Ministério Público de Minas Gerais - MPMG é uma companhia de fachada.
Conforme a promotoria, o estabelecimento é utilizado para lavagem de dinheiro.
Juntos, os dois parlamentares destinaram, pelo menos, R$116.800,00 à Ideal. Os números estão divulgados no portal da transparência no site da Câmara de Uberlândia-MG.
O G1 divulgou na última semana que Alexandre Nogueira (PSD) e Juliano Modesto (SD) teriam gasto, juntos, R$500.000,00 de verbas indenizatórias com suposta empresa de fachada.
Entre 2015 e 2018, Ismar Prado contratou R$93.400,00 em serviços da Ideal. Somente em 2017, o parlamentar destinou R$58.500,00 da verba de gabinete para a empresa.
O legislador não quis se manifestar sobre o caso, mas durante a sessão da Câmara desta Segunda-feira (191118) afirmou à TV Integração que divulga seus gastos pelas redes sociais há dois anos.
Já o ex-parlamentar William Alvorada utilizou R$23.400,00 em verbas indenizatórias para efetuar pagamentos à empresa em 2016.
A produção da TV Integração entrou contato com Alvorada, que atendeu uma das ligações, pediu para que retornasse em alguns minutos e depois não atendeu mais.
Conforme o MPMG, a Ideal Assessoria e Serviços Ltda está ativa na Receita Federal desde Janeiro de 2013 e está registrada na mesmo endereço da Cooperativa dos Transportadores de Passageiros e Cargas -COOPASS e da ATP, que já prestaram serviço de transporte escolar à Prefeitura de Uberlândia e são investigadas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO.
Um dos sócios da Ideal é Marcos Lúcio Esteves, que está foragido desde que a Operação "Poderoso Chefão" foi deflagrada pelo GAECO de Uberlândia.
O advogado dele não foi encontrado.
Entenda
Dos cerca de R$500.000,00 de verbas indenizatórias que dois vereadores de Uberlândia teriam gasto com uma empresa de fachada, R$400.000,00 teria saído do gabinete de Alexandre Nogueira (PSD) e R$100.000,00 do Juliano Modesto (SD).
Os montantes foram apurados pela TV Integração com base nos documentos disponíveis na seção de transparência no site da Câmara de Uberlândia, ao qual qualquer cidadão pode ter acesso.
Na última Quarta-feira (191113), os promotores solicitaram à mesa diretora da Câmara os documentos referentes aos gastos de Juliano Modesto (SD) e Alexandre Nogueira (PSD), que estão presos desde Outubro, acusados de corrupção pelas operações “Poderoso Chefão” e “Torre de Babel”.
Alexandre Nogueira chegou gastar R$400.000,00, entre 2014 e 2018, com a Ideal.
Somente em 2017, foram R$77.100,00.
Entre 2016 e 2017, Juliano Modesto contratou quase R$200.000,00 em serviços da Ideal. Em 2017, ele gastou a mesma quantia que Alexandre Nogueira, R$77.100,00.
À produção da TV Integração, a defesa de Juliano Modesto e Alexandre Nogueira afirmou que não tem nada a comentar sobre o fato, pois não teve acesso a nenhuma investigação, além dos vereadores não terem sido questionados sobre os gastos. A defesa disse ainda que os dois continuam à disposição do Ministério Público e do Judiciário para qualquer esclarecimento.
Empresa de fachada
Segundo o promotor Daniel Marotta, o vereador Alexandre Nogueira gastou todos os valores de verba de gabinete na empresa Ideal desde que assumiu o cargo no Legislativo.
"E parou depois de estar muito provavelmente temeroso da situação de fiscalização, uma vez que bastava uma visita na empresa para identificar que era de fachada"
Afirmou.
Ainda conforme o promotor, a companhia fez apenas aquisição de materiais de construção e ar condicionado e não tem funcionários.
“A empresa de fachada funcionava no mesmo endereço das cooperativas que já citamos na investigação. O curioso é que ela emitiu R$ 500 mil em notas de serviços gráficos e, de 2013 até então, em pesquisa junto à Receita Estadual, essa empresa não comprou nem uma folha de papel ou tinta para prestar qualquer serviço gráfico. Uma situação escandalosa que exigiu intervenção do Ministério Público”
Completou o promotor Marotta.
Ele falou também sobre a gravidade da situação de uso ilegal de recursos públicos.
"É uma situação de extrema gravidade, quando vereadores usam do poder legislativo para se enriquecer ilicitamente"
Complementou.
Segundo o promotor, o MPMG deve oferecer denúncia à Justiça até o dia 29 de Novembro.
Poderoso Chefão
Segundo o MPMG, a Operação “Poderoso Chefão” investiga uma organização criminosa que atua no desvio de recursos públicos vindos de contratos de prestação de serviço público municipal de transporte de alunos.
O GAECO apura crimes de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro por dirigentes e empresas que têm ligação com a Cooperativa dos Transportadores de Passageiros e Cargas - COOPASS e a ATP, que prestaram serviço de transporte escolar à Prefeitura Municipal de Uberlândia.
Segundo investigações, a quadrilha lavava dinheiro por meio de laranjas e diversas empresas que estavam em nomes de dirigentes da COOPASS e da ATP. O esquema contemplava falsificação de documentos e adulteração de quilometragem percorrida pelos veículos para que fosse feito o repasse dos valores superfaturados à ATP.
Em 2015, a Câmara de Uberlândia chegou a criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI para apurar as irregularidades constatadas. Na época, a CPI foi presidida pelo vereador Wilson Pinheiro e Alexandre Nogueira era presidente da Casa.
De acordo com o GAECO, a CPI teria sido utilizada pelos vereadores investigados para pressionar o então prefeito Gilmar Machado (PT) a contratar a ATP, que foi fundada pelo mesmo grupo responsável pela COOPASS e ligada aos vereadores Alexandre Nogueira e Juliano Modesto.
MP ouve Wilson Pinheiro e Gilmar Machado sobre irregularidades no transporte escolar de Uberlândia.
Com Informações de: G1.
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