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30 novembro 2019

BRASÍLIA-DF - Morte de médico por PM em Brasília; confira o relatório da ação policial

Amigo que estava com endocrinologista era 2º sargento do Batalhão de Choque da PMDF, antes de ir para reserva. 'Alto índice de roubos' fez os Policiais Militares suspeitarem da dupla.

Luiz Augusto Rodrigues, de 45 anos - Médico Endocrinologista
                  Os policiais militares que atiraram e mataram o médico Luiz Augusto Rodrigues, de 45 anos, durante uma abordagem em Brasília-DF, disseram em depoimento que "suspeitaram da vítima por conta do horário e do alto índice de veículos roubados na Asa Sul-DF".

                  A informação consta em relatório da ocorrência registrado pela Polícia Militar após o incidente, ao qual o G1 teve acesso. A reportagem também apurou que o policial, amigo do médico assassinado, foi para a reserva em Fevereiro de 2017. Ele trabalhava no Batalhão de Choque da PMDF e era 2º sargento.


                  O endocrinologista foi morto pouco depois da 00:00 hora desta Quinta-feira (191128), na quadra 314/315 Sul, Asa Sul-DF, em Brasília-DF. Ele saía de um bar com o amigo, quando a dupla foi abordada por uma equipe da Polícia Militar.

                  Segundo a corporação, o sargento da reserva apontou uma arma para os Policiais Militares, que, por sua vez, atiraram na vítima.

                  A Polícia Militar afirma que a equipe "teve que agir em legítima defesa".

O que diz o relatório

                  Os policiais disseram em depoimento que a caminhonete do médico estava estacionada com a porta do motorista aberta. Ainda de acordo com os Policiais Militares, os dois homens "estavam em pé quase dentro do veículo, o que gerou uma suspeita".

                  O documento afirma que, após ser abordado, o amigo do médico apontou uma arma para os policiais. Os Policiais Militares alegam que atiraram uma vez para "cessar a iminente agressão" e arrancaram com o carro da corporação para conseguir abrigo.

                  Em seguida, teriam descido do veículo e se aproximado do médico e do sargento da reserva. Segundo os policiais, o homem "continuava a empunhar a arma apontada para a equipe".

                  Os Policiais Militares dizem que ele só se deitou e largou a arma após o segundo disparo feito pelas militares.

                  Ainda de acordo com a versão dos militares, "só então a equipe visualizou um indivíduo caído e de imediato acionou o Corpo de Bombeiros". Segundo o relatório, o amigo do médico não portava identificação de policial nem a documentação da arma, "apresentando hálito etílico, bem como fala desconexa".

                  O documento confirma ainda que os tiros disparados contra Luiz Augusto Rodrigues saíram de uma carabina calibre .556, que tinha 58 munições intactas e dois carregadores. 
                  A arma foi apreendida após o incidente.

Vídeo após a abordagem

                  Um vídeo, gravado pela Polícia Militar, que circula nas redes sociais, mostra o sargento da reserva, amigo do médico, logo após a abordagem. Nas imagens, o homem, que aparenta estar embriagado, aparece no chão, com as mãos para trás, sendo interrogado por Policiais Militares.

                  É possível ver que o corpo do médico estava caído, ao lado. Um policial perguntou por que o sargento reformado apontou a arma para o carro da PM. O sargento disse que ingeriu bebida alcoólica e que estava protegendo o amigo.

"Cara, olha pra mim. Olha pra mim. Eu já tô, olha pra mim. Eu posso te falar com sinceridade. Entre nós aqui, entre nós aqui. Eu tomei uma, eu tava protegendo o doutor Luiz, olha aqui pra mim."

                  Em seguida, outro militar voltou a fazer a mesma pergunta, por que o homem atirou? O sargento reformado tentou se justificar.

"Me desculpa, perdão"
                  Reafirmou o amigo do médico assassinado.

                  Em um outro momento, o homem negou que tivesse apontado a arma para os policiais. 

"Eu não apontei a arma para a viatura, cara. 
Cara, vocês tão querendo queimar a gente".

A abordagem da Polícia Militar

                  Segundo a Polícia Militar, o caso ocorreu por volta da 00:15 horas desta Quinta-feira. O médico e o amigo tinham assistido ao jogo do Flamengo contra o Ceará em um bar e estavam conversando perto da caminhonete do endocrinologista, quando foram abordados.

                  Câmeras de segurança registraram a movimentação de carros da Polícia Militar. É possível ver, pelo menos, duas viaturas e três Policiais Militares no local.

                  Após a morte do médico, os envolvidos seguiram para a 1ª Delegacia de Polícia, na Asa Sul-DF, onde foi registrada a ocorrência. 
                  Segundo a Polícia Civil, o sargento reformado estava portando um revólver calibre 38, com seis munições. 
                  Outras 11 foram encontradas no bolso dele. A arma foi apreendida.

                  O advogado do sargento nega que ele tenha apontado a arma para a equipe da Polícia Militar. De acordo com Pedro Júlio de Melo Coelho, o homem tirou o revólver da cintura porque viu um carro escuro pouco antes da abordagem policial e suspeitou que pudesse ser assaltado.

"Ele disse que passou um carro escuro e, nesse momento, ele tirou a arma da cintura. 
Em seguida, pegou a arma e ficou com ela em punho."

O que dizem as autoridades?

                  Desde o início da manhã desta Quinta-feira, o G1 e a TV Globo questionam a Secretaria de Segurança Pública, a Polícia Militar e a Polícia Civil sobre o caso.

                  A reportagem enviou pelo menos dez perguntas sobre a abordagem, mas os órgãos repetiram a mesma resposta, desde o primeiro contato.

                  Já a assessoria de imprensa do Governo do Distrito Federal informou que "a Secretaria de Segurança está apurando o caso e só após as conclusões, o GDF irá se manifestar".

Confira a íntegra do comunicado:

                  "Segundo informações preliminares, por volta de 00:15 horas, policiais militares que patrulhavam a região suspeitaram de dois homens que estavam próximos de um veículo na comercial da 314/315 da Asa Sul e ao realizarem a abordagem, um dos suspeitos teria sacado uma arma de fogo, um revólver calibre 38 e apontado em direção à equipe de serviço. Diante do cenário, os policiais informaram que tiveram que reagir em legítima defesa efetuando dois disparos, sendo que um deles teria atingido um dos homens.

                  Imediatamente, os policiais acionaram o socorro do Corpo de Bombeiros Militar que confirmou o óbito no local do fato.

                  A ocorrência foi registrada na 1º DP. A Polícia Militar lamenta profundamente o desfecho da ocorrência e informa que vai instaurar, ainda hoje, um Inquérito Policial Militar para apurar todas as circunstâncias do fato."

                 Com Informações de: G1.

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