Luiz Augusto Rodrigues de 45 anos, morreu com tiro de carabina na cabeça. Segundo PM, vítima estava com outro homem em 'atitude suspeita'.
A esposa do endocrinologista morto com um tiro na cabeça durante uma abordagem da Polícia Militar, em Brasília-DF, na madrugada desta Quinta-feira (191128), disse que o companheiro "era uma pessoa generosa".
Segundo a administradora de empresas Viviane Santos, Luiz Augusto Rodrigues, de 45 anos, além de trabalhar em duas clínicas, participava de várias ações sociais.
"O Luiz era uma pessoa muito boa, ele ajudava todo mundo.
É uma falta muito grande que a gente vai ter."
O médico foi morto na quadra comercial 314/315 Sul quando saía de um bar com um amigo, que é militar reformado. A PM afirma que a equipe agiu em "legítima defesa" porque um dos homens teria apontado uma arma durante a abordagem.
Na tarde desta Quinta-feira, o corpo de Rodrigues foi liberado pelo Instituto Médico Legal do DF - IML. Ele será sepultado nesta Sexta-feira (191129) em Ceres-GO, no interior de Goiás, onde nasceu.
Os pais do médico ainda moram na cidade.
Reencontro após 20 anos
Viviane, a esposa do médico, também era natural de Ceres. Ela conta que conheceu Luiz Augusto Rodrigues na adolescência e, após 20 anos, eles se reencontraram.
"Ele estava separado, eu estava separada também, frequentando uma igreja"
Afirma.
A administradora quer respostas para a morte violenta do endocrinologista.
"Isso tem que ser muito bem investigado. Porque o Luiz não andava armado, ele tem o porte de arma, mas não estava armado."
"São muitas dúvidas que a gente tem.
Eu queria saber das autoridades.
Como é que um policial chega a atingir uma pessoa? Que mira é essa?"
A abordagem policial
De acordo com a PM, por volta da 00:15 horas desta Quinta-feira, os militares viram dois homens "em atitude suspeita" em frente ao Teatro dos Bancários, na Asa Sul-DF.
Eram o médico e um amigo dele que é sargento reformado da Polícia Militar.
Eles tinham assistido ao jogo do Flamengo contra o Ceará em um bar e estavam conversando, perto de uma caminhonete, antes de ir para casa. Segundo o relato da corporação, durante a abordagem, o militar da reserva apontou uma arma para a equipe.
A PM afirma que, então, um dos policiais agiu "em legítima defesa" e fez dois disparos. O militar que atirou usava uma carabina calibre 5.56 e um dos tiros atingiu a cabeça de Luiz Augusto Rodrigues.
O G1 conversou com o advogado Pedro Júlio de Melo Coelho, que representa o sargento da reserva, amigo do médico. Segundo o defensor, o cliente dele disse que viu um carro preto pouco antes da abordagem da PM e achou que eram assaltantes.
"Ele disse que passou um carro escuro e, nesse momento, ele tirou a arma da cintura.
Em seguida, pegou a arma e ficou com ela em punho."
De acordo com o advogado, o militar avisou que era da PM, mas os policiais atiraram. Conforme Pedro Júlio de Melo Coelho, o amigo do médico afirma que não viu o disparo que matou Luiz Rodrigues.
Câmeras de segurança registraram a movimentação de carros da Polícia Militar no momento da abordagem.
É possível ver, pelo menos, duas viaturas e três PMs no local.
“Eles falaram: polícia, polícia, polícia. Meu cliente falou que também era, jogou a arma no chão e deitou. Ele disse que não viu nada, não escutou nada, nenhum barulho de disparo. Que quando levantou, o amigo já estava machucado."
Disputa de versões
Desde do início da manhã desta Quinta-feira, o G1 e a TV Globo questionam a Secretaria de Segurança Pública, a Polícia Militar e a Polícia Civil sobre o caso.
A reportagem enviou pelo menos dez perguntas sobre a abordagem, mas os órgãos repetiram a mesma resposta, desde o primeiro contato.
Já a assessoria de imprensa do Governo do Distrito Federal informou que "a Secretaria de Segurança está apurando o caso e só após as conclusões, o GDF irá se manifestar".
Confira a íntegra do comunicado:
"Segundo informações preliminares, por volta de 00:15 horas, policiais militares que patrulhavam a região suspeitaram de dois homens que estavam próximos de um veículo na comercial da 314/315 da Asa Sul e ao realizarem a abordagem, um dos suspeitos teria sacado uma arma de fogo, um revólver calibre 38 e apontado em direção à equipe de serviço. Diante do cenário, os policiais informaram que tiveram que reagir em legítima defesa efetuando dois disparos, sendo que um deles teria atingido um dos homens.
Imediatamente, os policiais acionaram o socorro do Corpo de Bombeiros Militar que confirmou o óbito no local do fato.
A ocorrência foi registrada na 1º DP. A Polícia Militar lamenta profundamente o desfecho da ocorrência e informa que vai instaurar, ainda hoje, um Inquérito Policial Militar para apurar todas as circunstâncias do fato."
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