PESQUISA NESTE SITE:

26 março 2018

DISTRITO FEDERAL - Traficantes aliciam motoristas do Uber para transportar drogas no DF

Polícia Civil apura a nova modalidade criminosa, que tem crescido na capital. Na Quinta-feira (180322), motorista foi preso por fazer delivery de pó.

                Motoristas do aplicativo Uber no Distrito Federal tornaram-se alvo de traficantes. Eles acionam o serviço para transportar drogas ou fazer delivery para usuários. 

                Os profissionais são cooptados pelos criminosos, e quantias generosas são oferecidas para que a viagem de risco seja concluída. A Polícia Civil investiga a prática. 

                Um condutor do App foi preso por tráfico na noite de Quinta-feira (180322).

                O Metrópoles entrevistou três motoristas, que, sob a garantia do anonimato, revelaram histórias e experiências tensas envolvendo negociações de viagens com traficantes e usuários fissurados por uma carreira de cocaína ou um cigarro de maconha. 

                Em um dos casos, uma mala abarrotada de drogas chegou a ser colocada no bagageiro do veículo de um profissional.

                Marcelo*, 35 anos, transporta passageiros por meio de aplicativo há cerca de um ano e meio e já passou por apuros atrás do volante de seu carro. A situação mais complicada ocorreu há três meses, na Rodoferroviária de Brasília-DF

                Era por volta de 20:00 horas quando o sinal de alerta para passageiros tocou no celular. Ao chegar no local, um homem de meia-idade e bem vestido esperava pelo veículo.

                O passageiro pediu para acomodar a mala no bagageiro. 

“Em seguida, ele foi bem sincero e disse que precisava levar uma mala com drogas até um determinado ponto em Valparaíso, no Entorno do DF, e pediu para eu ficar tranquilo”
                Contou o motorista.

                O passageiro solicitou que o motorista desligasse o aplicativo, pois pagaria a corrida em dinheiro quando chegasse ao destino. 

“Eu agradeci e disse que não faria essa viagem por dinheiro nenhum no mundo. Sou nascido e criado em Ceilândia-DF e conheço a violência e o tráfico de drogas bem de perto. Quem não acaba preso é porque foi morto. Cancelei a corrida e fui embora sem olhar para trás”
                Lembrou o profissional.

                Marcelo contou ser comum, principalmente durante a madrugada, atender passageiros sob efeito de drogas ou exalando cheiro de maconha. 

“São riscos que corremos por trabalharmos à noite”
                Disse.

                Outro motorista ouvido pela reportagem contou história semelhante. 
                Juliano*, 30 anos, foi chamado em Ceilândia-DF

                A passageira disse que não seguiria viagem e pediu para duas malas serem entregues em um determinado destino. 

                Desconfiado, o motorista desistiu da corrida. 

“Tenho certeza, eram drogas ou algum produto relacionado à prática criminosa.”


Água, balinha e boca de fumo

                Jonas*, 50 anos, é oficial aposentado do Exército e trabalha como motorista do Uber para complementar a renda familiar. Morador de São Sebastião-DF e acostumado a dirigir cerca de 10 horas por dia e noite adentro, o profissional recebeu a equipe do Metrópoles para contar algumas de suas histórias.

                Em uma delas, foi parar na entrada de uma boca de fumo, em Sobradinho-DF. Há cerca de quatro meses, o motorista foi chamado pelo aplicativo para buscar passageiro no Posto Grande Colorado, às margens da rodovia BR-020, próximo a Sobradinho

                Dois rapazes entraram no carro, cada um com uma lata de cerveja nas mãos. 
“Eles eram educados e perguntaram se poderiam beber. Disse que sim, contanto que não sujassem os bancos”
                Contou.

                O endereço de destino era próximo a uma distribuidora de bebidas. Segundo Jonas, várias pessoas circulavam pelo local, algumas aparentando ser moradoras de rua. Havia um beco escuro, onde o movimento era grande. 

“Eles desceram, compraram drogas e voltaram para o carro. Fiquei com receio de ser assaltado, mas graças a Deus tudo correu bem. Finalizei a viagem após deixar os dois de volta no posto”
                Lembrou.


Motorista preso

                Enquanto alguns profissionais são acionados por bandidos, outros motoristas ingressam no mundo do crime. É o caso de Igor Ribeiro Silva, 26 anos. 

                De acordo com investigação da Polícia Civil, ele aproveitou o tempo na Uber para montar uma carteira de clientes e turbinar o negócio paralelo ao de transporte de passageiros: o delivery de drogas.

                A clientela de Igor era de alto poder aquisitivo e a droga revendida por ele é considerada uma das mais caras do mundo. 

Trata-se da cocaína “escama de peixe”, com alto teor de pureza. “Cada porção de 5 gramas vendida por ele chegava a custar R$200,00”, explicou o diretor da Coordenação de Repressão às Drogas - CORD, delegado Luiz Henrique Sampaio.

                O motorista alugava um quarto de hotel em Taguatinga-DF, onde usava um cofre de parede para estocar a droga, dinheiro e uma arma. O motorista foi preso na garagem do hotel quando estava na companhia da mulher e se preparava para fazer mais uma entrega de droga. 
                A polícia aprendeu três quilos de cocaína, R$31.000,00 em espécie e uma arma.


O que diz a Uber

                Procurada pela reportagem, a Uber lamentou o fato de profissionais estarem sendo cooptados por traficantes. 

“Em caso de qualquer tipo de violência ou ameaça, orientamos motoristas e passageiros a contatarem imediatamente as autoridades policiais. É importante também fazer um boletim de ocorrência, assim os órgãos competentes terão ciência do ocorrido e poderão tomar as medidas cabíveis"
                Informou a empresa, por meio de nota.

                A assessoria de imprensa do aplicativo disse que, em caso de investigações e processos judiciais, a Uber colabora com as autoridades nos termos da lei. 

“Nenhuma viagem com a plataforma é anônima, todas são registradas por GPS. Em caso de necessidade, nossa equipe especializada dá suporte, pois sabe quem foi o motorista parceiro e o passageiro, o histórico de ambos e qual o trajeto realizado”
                Ressaltou.

                A Uber não tolera nenhum tipo de comportamento criminoso, seja por parte de usuários ou motoristas parceiros. Quando uma denúncia nesse sentido é feita e verificada, a empresa bane os envolvidos. 

 "Para isso, o aplicativo possui o canal de ajuda e o site encoraja motoristas parceiros e usuários a avaliarem um ao outro depois de cada viagem, de forma anônima"
                Trecho de nota enviada pela Uber

                Segundo a Uber, há uma equipe que monitora essas informações e pode banir da plataforma passageiros ou motoristas com média baixa de avaliações ou conduta que viole os termos de uso, como, por exemplo, comportamento inapropriado ou perigoso.

                *Nomes fictícios a pedido dos entrevistados

                Com Informações de: Metrópoles.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário!
Seu nome e sua cidade são indispensável

JISOHDE FOTOGRAFIAS

JISOHDE FOTOGRAFIAS