Jornalista Sérgio Nascimento de Camargo substitui Vanderlei Lourenço em órgão de promoção da cultura afro-brasileira. Grupo ocupou gabinete da presidência.
Representantes de movimentos negros do país invadiram o prédio da Fundação Cultural Palmares na manhã desta Sexta-feira (191129), em Brasília-DF. O grupo protesta contra a posse do novo presidente do órgão de promoção da cultura afro-brasileira, o jornalista Sérgio Nascimento de Camargo.
O ato começou por volta das 10:30 e às 11:00 horas, o grupo com cerca de 30 pessoas entrou na sede da instituição e ocupou o sétimo andar do prédio, onde fica o gabinete do gestor. Quatro seguranças do edifício tentaram impedir o acesso, mas os manifestantes ultrapassaram o bloqueio.
Até a publicação desta reportagem, a Palmares não tinha confirmado se Camargo estava no prédio.
O G1 aguarda um posicionamento do órgão.
O protesto, segundo os organizadores, é em referência a uma série de publicações, nas redes sociais, em que o jornalista relativiza temas como a escravidão e o racismo no Brasil.
"Como é que nós vamos aceitar, enquanto movimento social negro, que um presidente de um órgão que tem como obrigação estar certificando os mais de 5.000 quilombos que nós temos hoje no Brasil, negue a história da escravidão?"
Questionou Waldicéia de Moraes Teixeira, da Aliança de Negras e Negros Evangélicos do Brasil.
"Viemos para dialogar com ele. No sentido de protestarmos contra o fato dele depreciar a luta do movimento social negro"
Disse.
Ao ser nomeado, Sérgio substitui Vanderlei Lourenço no cargo. A mudança foi publicada no Diário Oficial nesta Quarta-feira (191127). A Fundação Palmares integra a estrutura da Secretaria Especial da Cultura, o antigo Ministério da Cultura.
Em uma publicação feita nas redes sociais antes de ser nomeado para o cargo, Sérgio Nascimento de Camargo classificou o racismo no Brasil como "nutella".
"Racismo real existe nos Estados Unidos.
A negrada daqui reclama porque é imbecil e desinformada pela esquerda"
Afirmou.
Sobre o Dia da Consciência Negra, Sérgio Camargo escreveu que o "feriado precisa ser abolido nacionalmente por decreto presidencial".
Ele disse que a data "causa incalculáveis perdas à economia do país, em nome de um falso herói dos negros (Zumbi dos Palmares, que escravizava negros) e de uma agenda política que alimenta o revanchismo histórico e doutrina o negro no vitimismo".
No dia 3 de Novembro, Sérgio publicou uma mensagem numa rede social na qual disse que "sente vergonha e asco da negrada militante. Às vezes, pena. Se acham revolucionários, mas não passam de escravos da esquerda", escreveu.
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