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29 janeiro 2019

PARACATU-MG - Moradores temem tragédias em barragens locais

Aurum no latim significa “brilhante” e dá nome ao metal que produziu colonizações e encantou impérios. O ouro ainda tem alto valor monetário, mas sua exploração pode provocar danos físicos e ambientais irreparáveis.

                 A 234 quilômetros da capital federal, na cidade de Paracatu-MG, a Kinross Gold Corporation explora a maior mina de extração do metal a céu aberto no Brasil

                 Depois da tragédia de Brumadinho-MG, o medo tomou conta da cidade. Há três anos, depois do desastre de Mariana-MG, o receio já tinha aumentado. 
                 Isso porque a mineradora atua a apenas 300 metros da cidade. 

                 Autoridades procuram confortar a população com audiências e vistoria na empresa, mas as redes sociais estão fervendo de comentários e rumores.

                 O medo vai além de algum rompimento das duas barragens da região, Santo Antônio e Eustáquio. As pessoas temem falar sobre a empresa. 

                 Abordadas pela reportagem, cidadãos de variadas funções e idade, rejeitaram com receio de que algo pudesse “desagradar” à empresa, como deixaram claro. Um motoboy, 62 anos, que não quis se identificar, lembrou um ditado popular ao avaliar o cuidado da população: 
                 “Em boca fechada, não entra mosquito”.

                 A contadora Zenite da Costa Santana, 55 anos, nasceu em Paracatu e jamais saiu da cidade. Conta que o clima ficou mais “tenso” depois do recente desastre. Contudo, diferente de muitos, ela diz não acreditar em um eventual rompimento da barragem, mas lamentou que a mineradora não oferece uma “contrapartida” à sociedade. 

“Muitos são empregados da Kinross; então, não falam, mas existe uma questão ambiental preocupante. Já temos crise hídrica, porque, para produzir esse ouro, as nascentes foram afetadas”
                 Declarou.

Risco iminente

                 Mesmo com água disponível no município, a contadora esclareceu que parte da população consome água mineral de fora. Entre elas, a gerente de uma sorveteria no Centro da cidade Maria do Socorro, 55 anos. 

                 Questionada se tinha comprovação de que a água é contaminada, disse não ter certeza, mas que preferia não arriscar. Há cinco anos em Paracatu, Maria do Socorro está apreensiva. 

“Essa mineração é perigosa, corremos risco iminente. Isso é brincar com fogo em nome do dinheiro. Será que o tanto que já recolheram não basta?”
                 Questionou. 

“Ninguém é contra o ouro, mas vidas estão em jogo. Os chefes da empresa não moram aqui, estão longe. Nem os parentes estão aqui. Nós é quem somos afetados”
                 Afirmou.

                 O funcionário público Urubatan dos Santos, 63 anos, lamentou a falta de proteção. Para ele, “nada garante” que a barragem não ceda e, se isso ocorrer, “não dará para a população fugir”

“Paracatu pede socorro. 
É uma mineradora praticamente no meio da cidade”
                 Exclamou. 

                 Os rumores da sociedade chegaram à Câmara dos Vereadores de Paracatu. Ontem, 10 pessoas se reuniram no Legislativo, incluindo o presidente da Casa, vereador Wilson Martins (PSB). Ele contou que ficou decidido a fazer uma visita à empresa na próxima Sexta-feira às 13:30 horas. 

“Estamos preocupados e decidimos solicitar um laudo técnico de uma empresa externa. O intuito é tranquilizar a população”
                 Afirmou.

                 A expectativa é de que, na visita de Sexta-feira, o engenheiro da empresa forneça os esclarecimentos necessários. O objetivo é ir as duas barragens controladas pela empresa canadense

                 Eustáquio é a mais recente e, em 2015, tinha mais de 70.000.000 m³ de metros cúbicos de rejeitos. No entanto, a barragem de Santo Antônio, que está desativada há três anos, preocupa mais os vereadores. 
                 Possui rejeitos acumulados desde 1987, que somam mais de 420.000.000 m³ de metros cúbicos. 

“Essa é o perigo. 
A outra é nova e tem um sistema de segurança atual”
                 Enfatizou.

                 Além da visita, a comissão de Meio Ambiente da Câmara já planeja convocar uma audiência pública para que a Kinross Gold Corporation preste informações à população. Segundo ele, a importância da mineradora para Paracatu faz com que todo ano haja, ao menos, um diálogo com a comunidade. 

“A cidade é dividida, uns acham que é benéfica (a empresa); outras acham que não, já que pode afetar a saúde. Por isso, promovemos esses debates”
                 Explicou.

Outro lado

                 Procurada, a Kinross Gold Corporation de Paracatu informou, por meio de nota, que “trabalha com as melhores práticas na construção de barragens e possui procedimentos rigorosos de manutenção e monitoramento”

                 O documento também ressalta que a empresa “possui um plano de emergência sempre atualizado. Em novembro de 2017, a Kinross realizou, em parceria com a Defesa Civil Municipal, o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar, treinamentos com comunidades vizinhas à barragem. A ação, que integra o plano de emergência da Kinross, visou a repassar ao público informações sobre como proceder em situações de emergência”
                 Discorre a nota.

                 A companhia destacou também que, para reforçar a transparência de sua operação, ampliou o Programa de Visitas e incluiu a barragem dentro do roteiro para que os visitantes possam conhecer e tirar dúvidas com relação à operação. 

“Em 2018, mais de mil pessoas visitaram a Mina Morro do Ouro”
                 Destacou. 

“Em 25 anos de história, a Kinross nunca teve qualquer evento de rompimento da barragem em suas nove operações ao redor do mundo. 

Todas as nossas instalações são projetadas, construídas e mantidas com os mais altos padrões de engenharia. 

A segurança e integridade física, incluindo a capacidade de resistir a tempestade e eventos sísmicos, são algumas das nossas principais considerações”.

                 Com Informações de: PO Notícias.

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JISOHDE FOTOGRAFIAS

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