Locais guardam vestígios da ocupação humana no Planalto Central. Artefatos antigos e pinturas rupestres estão em 'museu a céu aberto', mas faltam programas de visitação.
A definição de uma Brasília-DF moderna esconde um passado rico em história. Ou melhor, pré-história. O motivo é a existência de 51 sítios arqueológicos que abrigam vestígios da ocupação do Planalto Central, há 11.000 anos.
Os locais estão espalhados por 10 regiões administrativas (veja lista abaixo), entre propriedades privadas e parques públicos. O acervo está sob responsabilidade do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, vinculado ao Ministério da Cultura.
"O estudo dos sítios arqueológicos é importante para entender processos de migração do Homo sapiens sapiens, o aperfeiçoamento da tecnologia, a transição do sistema econômico e a ocupação do Planalto Central"
Explica a arqueóloga do IPHAN Margareth Souza.
"Estudá-los permite conhecer a própria história do Brasil, como os grupos de caçadores-coletores se organizaram, as transições por que passaram."
Veja regiões onde há sítios arqueológicos no DF:
Brazlândia-DF,
Ceilândia-DF;
Gama-DF;
Jardim Botânico-DF;
Núcleo Bandeirante-DF;
Paranoá-DF;
Riacho Fundo-DF;
Santa Maria-DF;
São Sebastião-DF;
Taguatinga-DF.
Segundo os estudos, seres humanos perambulavam pelo Distrito Federal coletando frutos, cultivando plantas, pescando e caçando animais com lâminas de pedra lascada. Tudo isso durante o Período Quaternário – que abriga fósseis de espécies animais e vegetais.
A região onde foi construído o Plano Piloto, no entanto, não era ocupada por esses grupos que trocaram a caça pela agricultura. O motivo, segundo a pesquisadora do IPHAN, é a baixa oferta de água nesta área central.
"Os sítios arqueológicos estão em vales com bastante água. Fazia parte da estratégia de mobilidade percorrer as margens de rios, onde os antepassados captavam recursos."
Riqueza histórica
Dos 51 sítios arqueológicos reconhecidos no DF, 26 são vinculados a grupos de caçadores-coletores – são os chamados sítios líticos. A localização exata não é divulgada pelo IPHAN como forma de evitar a depredação do acervo ao ar livre.
Eles abrigam vestígios de instrumentos usados por esses indivíduos e até uma espécie de lança, usada para raspar e perfurar animais durante a caça. Parte desses itens foi recolhida, e está guardada na sede do instituto histórico.
Outros sete locais são classificados como sítios cerâmicos, que apresentam restos materiais de grupos que praticavam a agricultura. Os utensílios encontrados eram usados para o processamento dos alimentos. Há também instrumentos de pedra polida, tecidos e fibras.
Já os demais locais de preservação, 17, são classificados como sítios históricos, que revelam o processo de ocupação iniciado no século XVIII e estão relacionados à chegada dos portugueses ao Brasil. E, apenas, um – em Brazlândia – concentra pinturas rupestres.
Conservação
Nenhum sítio arqueológico do DF é aberto à visitação pública. Os locais estão restritos aos estudos de pesquisadores.
Ao G1, Margareth afirmou que "falta acessibilidade" a esses museus a céu aberto. Muitos deles estão em meio a parques, áreas de preservação ambiental e em áreas particulares, sem trilhas.
"Os sítios não têm acessibilidade.
Todos eles precisariam de profissionais contratados para protegê-los e permitir uma visitação controlada."
Um exemplo da falta de cuidado com a preservação dessa riqueza histórica aconteceu recentemente, no sítio de pinturas rupestres localizado em Brazlândia, em uma chácara particular. O único abrigo do tipo já identificado no DF foi pichado por vândalos. Há marcas de tinta na parede, cobrindo as marcações feitas há 11.000 anos.
Depois da ação, o local foi fechado para visitação após uma recomendação do IPHAN. Desde então, as pinturas que simbolizam rituais antigos dos "bisavós dos índios" estão riscadas e expostas à ação do tempo.
Descoberta
A descoberta mais recente no Distrito Federal fica em um condomínio de lotes no Paranoá-DF, o Jardins Genebra. Durante a primeira fase de um trabalho de licenciamento ambiental, em 2016, os técnicos do IPHAN observaram vestígios compostos por lascas e instrumentos produzidos a partir do quartzito (rocha).
Durante a escavação, foram identificados restos de uma fogueira, de onde foi possível resgatar amostras de carvão. O material foi enviado para um laboratório nos Estados Unidos, que fará a datação radiométrica. A técnica mede a radiação presente em elementos orgânicos e estima a idade de quando a fogueira e as ferramentas encontradas foram feitas.
Atualmente, as áreas de proteção desse sítio arqueológico ainda estão sendo definidas. Segundo o IPHAN, o achado arqueológico não vai inviabilizar o licenciamento ambiental do empreendimento.
Com Informações de: G1.
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