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05 maio 2018

BRASIL - Briga judicial faz satélite brasileiro de R$2.700.000.000,00 levar internet a menos de 0,1% dos pontos planejados

Após ter contratação barrada na Justiça, Telebras diz ter prejuízo de R$100.000.000,00 em um mês.

                Um ano após ter sido lançado ao espaço, o primeiro satélite integralmente controlado pelo Brasil foi usado para levar banda larga a menos de 0,1% dos locais planejados inicialmente, devido a uma briga judicial que envolve a Telebras e empresas de telecomunicações e já foi parar no Supremo Tribunal Federal - STF.

                O Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas - SGDC completou aniversário de um ano da decolagem nesta Sexta-feira (180504), após consumir R$2.780.000.000,00 em investimentos.

                Parceria entre o Ministério da Defesa e a Telebras, o SGDC tem seu uso compartilhado entre militares e civis. O Exército usa 30% da capacidade do equipamento para conectar suas instalações, como postos da fronteira. 

                Já empresa de capital misto usa o restante para fornecer conexão contratada por diversos órgãos do governo federal.

                O negócio foi modelado para que a Telebras contratasse uma empresa para instalar a infraestrutura de rede em todo o Brasil. Em contrapartida, ela poderia explorar a capacidade não utilizada para ofertar seus próprios serviços de banda larga.

Prejuízo de R$100.000.000,00

                Após manter um processo de chamamento público aberto por oito meses e não encontrar interessados, a Telebras passou a receber propostas privadas. No começo do ano, escolheu a norte-americana Viasat, que até então não atuava no país.

“Com o contrato assinado, a gente começou a ativar os primeiros pontos. Tínhamos 500 pontos para ativar em abril. Conseguimos fazer 4”
                Afirma ao G1 o presidente da Telebras, Jarbas Valente.

                São um ponto de fronteira e três escolas, uma delas localizada na cidade de Paracaima, em Roraima, a porta de entrada dos imigrantes venezuelanos. 

                Ele afirma que, desde então, o prejuízo já chegou a R$100.000.000,00. Como em Maio, a previsão era levar conexão a outros 1.000 pontos, as perdas passam a ser de R$800.000,00 por dia.

                Esses são pontos de acesso previstos pelo Programa Nacional de Banda Larga, carro-chefe do governo federal para levar conexão de internet a regiões isoladas. A Telebras deveria instalar 8.000 postos até o fim do ano e 15.000 até Março de 2019.

                A Viasat, no entanto, foi impedida de fechar novos contratos por uma decisão judicial. No fim de Março, a empresa Via Direta Telecomunicações conseguiu na Justiça do Amazonas uma liminar para suspender o acordo entre Telebras e Viasat.

                A companhia amazonense disse que foi preterida do processo depois de iniciar as negociações para operar parte da capacidade do satélite. Também lançou dúvidas sobre a soberania do Brasil, já que uma empresa estrangeira operaria um satélite que também atendia o Exército brasileiro.

Soberania nacional

                A Telebras perdeu na segunda instância e o processo foi parar no Superior Tribunal de Justiça - STJ. Por envolver uma questão constitucional, o da soberania nacional, a presidente Laurita Vaz o encaminhou ao STF
                Nesta semana, a relatora do caso na Suprema Corte, a presidente Carmen Lúcia pediu que a Procuradoria Geral da República se manifestasse, o que deve ocorrer na próxima semana.

                Em paralelo a isso, a Justiça do Amazonas decidiu nesta Quinta-feira (180503) que a Telebras deve cessar o fornecimento de internet nos pontos em funcionamento caso não comprove ter sido ela e não a Viasat a responsável pela instalação dos equipamentos nesses locais. 
                A Telebras afirma ainda não ter sido notificada.


Sem licitação

                Enquanto essa briga ocorria, a Telebras enfrentou outros dois reveses. O sindicato das teles - Sinditelebrasil e o que representa as empresas de telecomunicações por satélite - Sindisat, acionaram o Tribunal de Contas da União - TCU e o Conselho de Administração de Defesa Econômica - CADE sobre as condições em que a Telebras contratou a Viasat.

                O G1 procurou as associações, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.

                Valente afirma que, após não encontrar interessados em participar do chamamento, a Telebras passou a receber propostas privadas. A prerrogativa é permitida pela Lei das Estatais, caso o processo "não possa ser repetido sem prejuízo a empresa pública" e "desde que mantidas as condições preestabelecidas”.

                As associações questionam se as mesmas condições submetidas às empresas representadas por elas foram mantidas para a Viasat. Valente diz que a condição era a de implantar em todo o Brasil equipamentos de rede, como antenas de recepção de satélite, além de instalar cinco centros de controle (Brasília-DF, Rio de Janeiro, Campo Grande-MT e Florianópolis-SC e um backup em Salvador-BA).

“Muitas delas acharam que isso era (do setor) público, não era política delas e não tinham interesse"
                Diz o presidente da Telebras

“Quem atendeu 100% e também viabilizou do ponto de vista econômico foi a Viasat”.

                O plano é que a norte-americana invista R$500.000.000,00 em infraestrutura e a Telebras entre com R$50.000.000,00.

Contrato com o Ministério da Ciência

                Além disso, o Sinditelebrasil questiona na Justiça como a Telebras ganhou, sem passar por licitação, um contrato de R$663.000.000,00 do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações - MCTIC para conduzir o programa Governo Eletrônico, Serviço de Atendimento ao Cidadão - GESAC.

“Eles acham que eles deveriam ser contratados, não que o governo investisse num artefato próprio”
                Diz Valente.

                Atualmente, esse serviço é prestado por um consórcio formado por Embratel (Claro), Oi e Telefônica, mas o contrato vence em Junho.

'Escrito nas estrelas'

                Antes de ser envolvido na contenda judicial, o SGDC enfrentou uma série de contratempos até decolar. Anunciado em 2012, o satélite só fechou contrato com a fabricante um ano depois.

                Na época, o lançamento estava marcado para 2016, depois postergado para abril de 2017. Mais um atraso: trabalhadores em greve na Guiana Francesa, local da partida, impediram a chegada do satélite até o ponto de envio. 
                Após o SGDC já estar em órbita, a Telebras não encontrou interessados.

“Fica claro com essas ações [judiciais] que estava escrito nas estrelas porque nós prorrogamos tantas vezes”
                Finaliza Valente.

                Com Informações de: G1.

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