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11 agosto 2016

CEILÂNDIA-DF - Criança mantida em cárcere privado seria sacrificada


              Uma reportagem publicada Nesta Terça-feira (160810) no jornal Metrópoles, afirma que o destino da criança trancada pela própria mãe em um quarto escuro em Ceilândia-DF após uma pastora evangélica induzi-la a acreditar que a filha estava possuída pelo demônio poderia ter um desfecho trágico. 

              De acordo com jornal, denúncias levadas ao Conselho Tutelar da região administrativa por uma testemunha dão conta de que a menina de 8 anos seria sacrificada. 
              O ritual de exorcismo teria a participação da própria mãe e da pastora Jacivã Pereira dos Santos, conhecida como Jaci, 44 anos, que prega na igreja Casa da Oração Pentecostal dos Escolhidos de Deus

              Ambas foram presas na última Sexta-feira (160805), quando a Polícia Militar resgatou a menina, que vivia trancada em um quarto escuro nos fundos do templo, em Ceilândia Norte

              No entanto, a mulher e a suposta religiosa foram libertadas no Domingo (160807), após audiência de custódia na Justiça do DF.

              O episódio provocou uma enxurrada de denúncias recebidas pelo Conselho Tutelar, e o caso pode ser ainda mais assustador. 
              Segundo relatos de testemunhas, pelo menos quatro crianças foram abandonadas pelas mães — todas fiéis da igreja — por suposta influência de Jaci.

              Jacivã teria convencido as mulheres de que os filhos delas estavam com o “demônio no corpo”. Por isso, precisavam se afastar das crianças. 
              As fiéis seriam orientadas a se separar dos maridos e a cortar relações com todos os parentes, com a desculpa de que todos estariam “endemoniados”.

              Na noite de Terça-feira (160809), o Metrópoles esteve na igreja em Ceilândia Norte e registrou parte do culto.

              Mesmo depois de passar 48 horas na cadeia, Jaci fez questão de contar aos fiéis que, de fato, a menina vítima de cárcere privado estava com o “demônio no corpo”, e que poderia se tornar uma ameaça a todos.

“Qualquer hora ela poderia pegar e matar, né? 
Manifestar os demônios”
              Disse a pastora durante o culto.

              Quando percebeu que estava sendo gravada, ela fechou as portas do local.

A influência de Jaci
              Jéssica (nome fictício) é parente de uma mulher que abandonou o filho, de apenas 6 meses, por acreditar que o menino estava possuído. 

              Sob a condição de não ter a identidade revelada, ela conversou com o Metrópoles e contou que a familiar é uma empresária, dona de uma escola de educação infantil em Ceilândia. 
              Ainda assim, foi influenciada por Jaci.

“Ela tem formação superior em pedagogia. 
Não se trata de uma pessoa humilde e sem instrução, mas teve a personalidade modificada por essa pastora.
Ela foi convencida a largar o marido 
e a abandonar o filho de 11 anos com o pai. 
Por último, entregou o seu bebê de 6 meses para adoção 
simplesmente porque a pastora afirmou 
que todos estavam possuídos”
              Contou a mulher.

              Segundo a denúncia, que foi encaminhada ao Conselho Tutelar, a intenção da pastora teria motivação financeira. 

              O plano seria afastar parentes e garantir o pagamento do dízimo (doações à igreja), sem interferências. 

“Como essa minha parente é dona de uma escola 
e fatura um bom dinheiro, a pastora recebe cerca de R$2.000,00 por mês com o dízimo”
              Contou.

              Ainda segundo essa testemunha, a fiel cortou relações com todos os parentes mais próximos e o bebê foi deixado em um abrigo do governo, aos cuidados da Vara da Infância e da Juventude - VIJ

“Tentamos ficar com a criança, todos da família queriam, mas ela disse que o bebê estava com o demônio e que deveria morrer. Estamos tentando reaver a guarda”
              Desabafou a familiar da frequentadora da igreja.

Mais um caso
              Outra apuração conduzida pelo Conselho Tutelar envolve um casal de servidores públicos. 
              A mulher foi convencida que o marido e o filho estariam sendo “comandados pelo demônio”. 
              Ambos também frequentavam a igreja de Jaci. 

              O modus operandi foi o mesmo dos demais casos. 
              A fiel teria sido orientada pela pastora a abandonar todos os parentes, mas sem se esquecer das obrigações com o dízimo. 
              A funcionária teria se separado do marido, e a criança ficou com o pai.

              Após o culto da noite de Terça-feira (160809), o Metrópoles tentou falar com Jacivã, mas ela se recusou a comentar as acusações. 
              A empresária que deu o filho para a adoção e faz parte do grupo de fiéis da igreja também foi procurada na escola que administra, mas não foi localizada.

Pai quer a guarda
              O pai da criança que foi mantida em cárcere privado entrou em contato com Conselho Tutelar
              O homem não tinha contato com a menina havia cerca de dois anos e, agora, tentará lutar pela guarda da filha.

              A menina permanece internada no Hospital Regional de Ceilândia - HRC se recuperando de um quadro de grave desnutrição. 
              Ainda não há previsão de alta. 
              O pai chegou a visitá-la na unidade hospitalar. 
              Em depoimento, ele disse que não sabia da tortura.

              Um vídeo divulgado pela Polícia Militar do Distrito Federal - PMDF mostrou o momento em que a menina foi encontrada pelos militares. 
              As imagens revelam a negligência com que a criança era tratada. 

              Estava magra, deitada no chão sem qualquer proteção e totalmente abandonada.

              Assim que os conselheiros chegaram à residência, a mãe alegou que a filha estava no quarto porque era doente, não andava e tinha dificuldades para falar. 

“Levei ela no hospital várias vezes, a médica desconfia que ela também tenha gastrite”
              Disse a mãe. 

              Fraca, a criança não conseguia se levantar do chão. 
              Ela estava trancada em um quarto vazio, sem móveis e no escuro, por ao menos dois meses, suspeita a PM.

              Com Informações de: DdeC.

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JISOHDE FOTOGRAFIAS

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