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12 junho 2020

SÃO PAULO - Estudo mostra efeitos de possível rompimento de barragem de Itupararanga


                 Quem é de Sorocaba em SÃO PAULO, provavelmente já ouviu alguém mais velho contar o intrigante causo com desfecho hipotético: se a barragem da represa de Itupararanga se rompesse, as águas alcançariam a torre da Catedral Metropolitana de Sorocaba-SP, situada no Centro da cidade.

                 De geração em geração, essa história transmitida oralmente desde que a barragem da usina hidrelétrica começou a ser construída em 1911 pela São Paulo Light and Power Co. vem despertando curiosidades, dúvidas e apreensão dos sorocabanos. O engenheiro civil Nilson Garcia Nunes, de 38 anos, também cresceu intrigado com essa narrativa e decidiu se debruçar sobre o assunto em seu trabalho de conclusão de curso defendido no final de 2019 pela Universidade de Sorocaba - UNISO.

                 No estudo sobre possível rompimento do paredão da Represa de Itupararanga, Nunes constata que a narrativa é falsa. Conforme a análise desenvolvida no âmbito acadêmico, a Catedral estaria a salvo, a 450 metros das águas, que atingiriam a Praça do Canhão

“O ponto mais próximo da mancha de inundação em relação a Catedral estaria em 340 metros da Catedral”
                 Afirma Nunes

                 O ponto mencionado corresponde mais precisamente à área da Primeira Igreja Presbiteriana Independente de Sorocaba, na Rua 15 de Novembro.

                 Para refutar a lenda fundamentado pela ciência, o pesquisador precisou percorrer um árduo caminho de dez meses ao final do curso de Engenharia Civil, avançando em estudos de outras áreas de conhecimento como hidrologia, a vazão d’água, e análises de geoprocessamento. Ao mesmo tempo se debruçou sobre a história da Represa de Itupararanga, cujo nome em tupi significa “O barulho das águas”, e teve como responsável o engenheiro inglês Frank Robotton, que comandou uma equipe de 2.000 trabalhadores e começou a operar em 1914.


                 Como apêndice da monografia, Nunes produziu uma animação, gerada por programas computacionais, que simula a trajetória percorrida pelos mais de 300.000.000m³ de metros cúbicos de água, na qual é possível verificar a mancha de inundação que atravessaria a cidade em caso de rompimento da barragem.

                 A simulação, feita no “pior cenário possível”, mostra um rompimento por galgamento, como é chamado o fenômeno quando as águas transbordam e causam fadiga na estrutura de concreto da represa. 

                 Segundo o engenheiro, a mancha de inundação levaria uma hora até atingir a área urbana de Votorantim-SP. Vinte e dois minutos depois, invadiria Sorocaba-SP, no Trevo da Vida, a uma altura de 17 metros, o equivalente a um prédio de seis andares. Em seguida, na Praça Lions, as águas chegariam a 18 metros.

                 Seguindo para o noroeste, conforme o curso do Rio Sorocaba, a mancha chegaria ao Parque das Águas depois de duas horas após do rompimento. O Bairro Vitória Régia seria atingido pelas águas depois de três horas e o Parque São Bento quatro horas após o incidente. Depois de um hiato de aproximadamente sete horas e meia, as águas atravessariam toda cidade, até chegar ao Distrito de George Oeterer, em Iperó-SP.

Baixo risco

                 O engenheiro detalha que a animação foi produzida com o auxílio de um software disponibilizado pelo Corpo de Engenharia do Exército Americano e imagens aéreas, de satélite, geradas a partir do Google Earth Pro

                 Nunes ressalta que, apesar de todo o grau de realismo da simulação, os parâmetros do software foram pautados em todas as variáveis capazes de se aproximar ao máximo das condições reais, o vídeo é mera ilustração hipotética, já que, segundo ele, o nível de segurança da barragem da Represa de Itupararanga é considerado muito alto pelas autoridades competentes.

“A finalidade deste estudo é estritamente acadêmico, sem fins de objeto de denúncia, alarmismo, sensacionalismo ou histeria. A barragem é classificada como muito segura e com risco muito baixo”
                 Enfatiza. 

                 Com intuito de tranquilizar as pessoas que vivem nas áreas supostamente atingidas pela mancha de inundação, Nunes acrescenta: 

“Eu compraria seguramente uma casa na área que está dentro da mancha de inundação”
                 Garante.

                 Segundo o pesquisador, a classificação de “baixo risco” dada à Itupararanga é estabelecida conforme lei federal, que categoriza os riscos das barragens levando em conta uma série de critérios técnicos como altura do barramento, material de construção, deformações e recalques. 
                 A fiscalização é feita pela Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL.

                 Nilson Nunes comenta que, apesar do baixo risco de rompimento da barragem, o dano potencial associado ao eventual incidente é classificado como alto, em função do grande adensamento populacional existente no caminho. 

“Analisando a mancha de inundação, a pesquisa estima que mais de 36 mil pessoas seriam atingidas, sendo 2.613 pessoas em Votorantim e 36.590 pessoas em Sorocaba”
                 Comenta.

                 Diante desse cenário, o engenheiro decidiu criar um sistema de alerta que está em fase de desenvolvimento. Trata-se de um aplicativo para telefone celular, no qual o usuário poderá verificar as áreas supostamente atingidas, e que deve ser lançado até o final deste ano. 

“É responsabilidade social. Eu não poderia divulgar essa mancha de inundação sem propor uma solução”
                 Conclui o engenheiro. 
                 (Felipe Shikama).

VÍDEO - SIMULAÇÃO - Rompimento hipotético da Barragem de Itupararanga em Sorocaba-SP.


                 Com Informações de: Jornal Cruzeiro.

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