Forças Democráticas Sírias disseram que aviões de guerra turcos atingiram a região nordeste e provocaram 'enorme pânico entre as pessoas'.
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, anunciou nesta Quarta-feira (191009) que suas tropas deram início a uma ofensiva no nordeste da Síria. O governo turco afirma que o alvo dos ataques são as forças lideradas por curdos que foram aliadas dos Estados Unidos no combate ao Estado Islâmico. Porém, as Forças Democráticas Sírias - FDS, constituídas por uma aliança de combatentes curdos e árabes, disseram que aviões bombardearam áreas com civis.
A mídia estatal síria e uma autoridade curda disseram que o ataque atingiu a cidade de Ras al-Ain, perto da fronteira com a Turquia.
As FDS afirmaram que o ataque provocou "enorme pânico entre as pessoas". As FDS expulsaram os jihadistas e estão no controle da região.
A França disse que irá solicitar um encontro do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas - ONU para discutir a ação militar.
A Turquia pretende criar uma "zona livre" na fronteira com a Síria, onde se concentram as forças curdas. O governo de Erdogan alega que a milícia curda YPG, presente nessa região, atua de forma terrorista e está por trás de ataques em território turco ligados ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão - PKK.
Na Terça-feira (191008), a Turquia anunciou que tinha finalizado os preparativos para a operação militar após os EUA retirarem as tropas de posições importantes em Ras al Ain e Tal Abyad.
Temor da volta do Estado Islâmico.
A situação no norte da Síria reflete uma mudança de estratégia por parte dos Estados Unidos, que abandona os curdos -os principais aliados de Washington na luta contra o grupo extremista.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sinaliza com isso um desejo de se reaproximar da Turquia, país integrante da Otan e que tem o segundo maior exército da aliança. Trump também cumpre, assim, promessa de campanha de que retiraria o seu país de conflitos antigos.
As FDS, também integradas pelos curdos, lutaram durante anos contra o Estado Islâmico e conquistaram em março seu último reduto na Síria, em Baguz.
Ancara rejeita esta hipótese, mas a ofensiva pode criar condições para o ressurgimento do grupo jihadista na região. Com os curdos enfraquecidos, sem apoio, e sob ataque turco, os terroristas remanescentes poderiam se aproveitar da situação e voltar a conquistar território.
Já a Organização das Nações Unidas - ONU afirmou anteriormente que se prepara para o pior no norte da Síria.
A guerra da Síria, que começou com a repressão aos protestos pró-democracia em 2011, já deixou mais de 370.000 mortos e milhões de refugiados.
Curdos
Os curdos são um povo sem pátria e com um histórico de repressão e perseguições. Estima-se que cerca de 30.000.000 vivam no território entre Turquia, Síria, Iraque, Irã e em uma pequena parte da Armênia. Mesmo tão populosa, a área conhecida historicamente como Curdistão não possui uma unidade territorial ou um governo único autônomo.
Os governos do Oriente Médio opõem-se à criação de um território autônomo para os curdos, pois temem que isso influencie movimentos separatistas em outros países.
Com Informações de: G1.
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