Decisão pegou o Palácio do Buriti de surpresa: “Estão colocando em risco as representações internacionais, inclusive o governo federal”.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, determinou nesta Terça-feira (190528) a transferência para o Presídio Federal de Brasília-DF de três detentos identificados como líderes dos 55 assassinatos ocorridos nas cadeias de Manaus-AM.
A informação foi confirmada ao Metrópoles por fontes da área de segurança do Distrito Federal.
A decisão do governo federal não foi bem recebida pelo Palácio do Buriti. À reportagem, o governador em exercício, Paco Britto (Avante), afirmou não ter sido procurado pelo ministro sobre a vinda de novos criminosos.
O governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), está em Lisboa, Portugal, onde participa de encontro com países de língua portuguesa.
“O que ele [Sergio Moro] está fazendo é colocar em risco todas as representações internacionais, inclusive o governo federal, os presidentes e também integrantes dos Poderes da República”
Declarou Britto.
Entre o Domingo (190526) essa Segunda-feira (190527), 55 mortes ocorreram no Amazonas, sendo 15 no Domingo, no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, e mais 40 na Segunda-feira, em outras quatro unidades de Manaus.
No total, nove presidiários são acusados de serem mandantes desses crimes. Ainda não há informações para onde os outros seis criminosos serão transferidos. A determinação de Moro foi uma resposta à solicitação do governador do estado, Wilson Lima (PSC).
Segundo Lima, 200 presos foram retirados das celas e isolados para que mais mortes fossem evitadas.
“Conversei ontem [Segunda-feira] com Moro. Até o fim da semana, a expectativa é que 100 homens estejam aqui”,
Afirmou o governador.
Por precaução, o Ministério da Justiça e Segurança Pública não divulgará oficialmente o destino dos acusados.
Os criminosos começam a chegar ao Distrito Federal na noite desta terça. De acordo com o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Luiz Pontel de Souza, agentes do Departamento Penitenciário Nacional - DEPEN foram fiscalizar os Presídios de Manaus.
“Evidentemente, há uma preocupação do ministério, e estamos em contato com as Forças Aéreas para disponibilizar aeronaves”
Conta.
A facção
Sobre o que pode ter motivado a chacina nos presídios de Manaus, Luiz Pontel se limitou a dizer que o Ministério da Justiça está investigando. “Está sob análise toda a situação do Amazonas”, pontuou. As execuções ocorreram em meio a uma disputa entre os líderes da facção José Roberto Barbosa, o Zé Roberto da Compensa, e João Pinto Carioca, o João Branco, pelo comando do grupo.
Os nove líderes serão transferidos para presídios federais. A pasta também não divulgou quais são os detentos e para onde vão. No entanto, o Brasil possui cinco penitenciárias federais: Catanduvas-PR, Campo Grande-MS, Porto Velho-RO, Mossoró-RN e Brasília-DF.
Sobre o risco que a movimentação pode causar, Luiz Pontel afirmou que a pasta ainda não tem a informação.
Massacre
Até o momento, 55 mortes foram confirmadas em apenas dois dias. De acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária - SEAP do Amazonas, foram constatadas mortes no Instituto Penal Antônio Trindade - IPAT, Centro de Detenção Provisória Masculino - CDPM 1, Complexo Penitenciário Anísio Jobim - COMPAJ e na Unidade Prisional do Puraquequara - UPP.
Segundo o secretário da pasta, Marcus Vinicius de Almeida, os presos foram mortos com escovas de dente e asfixiados com golpes de “mata-leão”.
Ele afirmou que as escovas foram raspadas até ficarem pontiagudas.
Alvos de pedidos de transferências:
Rivelino de Melo Muller,
Adriano Silva Monteiro,
Janes do Nascimento Cruz,
Jane da Silva Santos,
Bruno Souza Carvalho,
Anderson Gustavo Ferreira da Silva,
Lucirle Silva da Conceição,
Adeilton Gonçalves da Silva,
Felipe Batista Ribeiro.
Com Informações de: Metrópoles.
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