Nascente foi encontrada pisoteada e sem cerca; após revitalização, média de vazão de água é de mais de 392 mil litros por dia e outra mina d’água apareceu na superfície.
Uma nascente foi recuperada e protegida na região da Serra do Cabral, no município de Francisco Dumont-MG, por um grupo de voluntários do Norte de Minas.
Os resultados foram divulgados ao G1 pelo psicólogo e voluntário ambiental, José Ricardo Júnior Pinto, após um mês da revitalização; depois de recuperada, a média de vazão de água é de mais de 392.000 litros por dia.
Outra mina d’água, também conhecida como Olho d'Água, apareceu na superfície. A nascente Roda D'água deságua no Córrego Diamante e chega à Comunidade de Buriti Grande, com aproximadamente 170 moradores.
“O objetivo do nosso grupo é identificar nascentes, analisar se é necessária a recuperação e, a partir daí, trabalhar para protegê-las.
Nesta nascente específica, quando chegamos, muitos animais estavam nas proximidades. O pisotear deles — e de seres humanos — obstruiu a passagem entre o lençol freático e a superfície, impedindo a saída de água.
Lá, fizemos a aferição da vazão somente depois de revitalizada, mas o aumento é perceptível ao olho nu”
Explica o voluntário.
Além do córrego, a nascente também abastece um tanque de um caminhão-pipa para atender uma região carvoeira perto dali.
Para a revitalização, o grupo foi capacitado e foram gastos quase um saco de cimento, pedaços de cano e tampões; o custo aproximado foi de R$30,00.
A prefeitura de Francisco Dumont disponibilizou um curso sobre proteção e recuperação de nascentes em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR, realizado durante três dias, em outubro, com a participação de 12 pessoas.
A revitalização acontece, também, um pouco antes do período chuvoso.
“Já temos mapeada outra nascente em Buriti Grande.
Estamos na fase de análise da situação no local e, agora, queremos mapear nascentes que deságuam no Córrego do Barreiro que abastece o balneário da cidade.
Assim, evitaremos que ele seque novamente.
O fluxo do lençol freático aumenta com a chuva e, consequentemente, a vazão de água que brota na nascente aumentará”
Disse.
Recuperação e Proteção
A técnica utilizada pelo grupo foi desenvolvida por um ambientalista no Estado do Paraná.
O primeiro passo é identificar em qual terra a nascente está localizada. Em seguida, uma solicitação é feita aos donos da terra para revitalização; nesta fase, os principais benefícios e o impacto ambiental são divulgados. Na terceira etapa, analisa-se a nascente para mapear qual o tipo de trabalho a ser feito.
Na prática, os voluntários fazem a limpeza ao redor da mina d'água para retirar matos, entulhos e terra que estejam impedindo a saída da água.
Depois, com pedras do próprio local, é feita uma espécie de coroa ao redor da nascente - ou pirâmide.
Depois, o cano é colocado e, com a terra da região, em uma medida de 4 porções - para uma de cimento -, é feita uma mistura com água. Essa massa é colocada entre as pedras e depois, quando o nível da mistura sobe um pouco mais, colocam-se mais canos para facilitar a vazão.
Nesta nascente, os voluntários optaram por não tampá-la.
Em outras, é aconselhável a referida técnica.
Instituto Serra do Cabral
Em 2012, pela necessidade de denunciar um criadouro de peixe que afetava o fornecimento de água potável à Comunidade do Buriti Grande, um grupo de seis amigos esteve no Ministério Público Estadual e, a partir daí, foi criada ONG S.O.S. Serra do Cabral.
Em 2016, com ajuda do Instituto Grande Sertão - IGS, foi fundado o Instituto Serra do Cabral - ISC, com registro no Cartório da comarca de Bocaiuva-MG.
"O Instituto Serra do Cabral já recebeu, em doação, equipamentos para educação ambiental, como um data-show para palestras em escolas; todo trabalho acontece em parceria com o Ministério Público.
O Instituto Serra do Cabral é parceiro do Ibama, escritório Regional de Montes Claros-MG, e colaborou em operações que culminaram no embargo de várias atividades irregulares na região, como garimpo ilegal de diamante, uso de pivô central de irrigação no rio Jequitaí de maneira ilegal, desmatamentos e atividade de mineração clandestinos"
Explicou o presidente da instituição, Genésio Fonseca.
Com Informações de: G1.
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