Famílias afirmam que casas foram derrubadas nesta semana; armados, funcionários e filhos de fazendeiro teriam retornado à comunidade na quinta-feira (20).
Moradores da Comunidade Pesqueira de Canabrava, em Buritizeiro-MG, reclamam de uma reintegração de terras feita por fazendeiros. De acordo com o vice-presidente da associação comunitária local, Edmar Gomes da Silva, 45 famílias tiveram as casas derrubadas em duas ações ocorridas nesta semana, sendo que a últma foi nessa Quinta-feira (170720).
“No dia 18, a Polícia Militar acompanhou os fazendeiros para cumprir uma reintegração de posse.
Mas, o Ministério Público Federal já tinha uma liminar, do dia 17, que derrubava a reintegração e eles não respeitaram”
Explica o vice-presidente.
O vice-presidente afirma ainda que cerca de 100 policiais militares participavam da ação, mas pararam quando um representante do Ministério Público Federal chegou ao local com a liminar que derrubava a reintegração.
Prestes a completar 64 anos, o produtor rural Edmar Gomes afirma que vive na região desde os nove anos e, há pelo menos 12 anos conseguiu construir uma casa na comunidade.
“Eu vivia na região de Três Marias, às margens do São Francisco.
Com a construção da Barragem, as águas inundaram as terras de meu pai e viemos morar em Buritizeiro.
Agora, tudo que vivi foi derrubado em uma ação truculenta.
Não tenho nem forças para voltar a lutar.
O que consegui tirar da residência está jogado na casa e meu filho, pois também não tem muito espaço para acomodar de forma melhor”
Lamenta.
Funcionários de um fazendeiro que também pleiteia as terras voltaram à comunidade nessa Quinta-feira (170720) e derrubaram as outras casas.
Os moradores afirmam que homens armados faziam guarda na entrada da comunidade.
“Nem a polícia poderia fazer a reintegração de posse, pois havia uma decisão que impedia aquela ação. Isso motivou a ação desta quarta, na qual eles não deixaram ninguém sair ou entrar na comunidade”
Afirma o agente do Conselho da Pastoral dos Pescadores, Bruno Cardoso.
O agente explica que a Pastoral acompanha o desenvolvimento há mais de 10 anos, mas registros mostram que eles convivem na região há cerca de um século.
“Nesta área, alvo desta ação, são 45 famílias, mas outras 30 famílias, da mesma comunidade, vivem na Ilha de Manoel Reiteiro.
Eles não estão na área da fazenda, estão em uma margem do Rio São Francisco que pertence à União.
Estudos do MPF estão sendo realizados e, com certeza, vão comprovar a identidade de vazanteiros desta população”.
De acordo com o Ministério Público Federal, um antropólogo foi enviado à Comunidade de Canabrava a pedido do procurador federal Edmundo Dias, para realizar estudos e verificar a tradicionalidade dos moradores. O procurador pediu também à Secretaria de Patrimônio da União para fazer medições na área e identificar as "linhas de enchente" do Rio São Francisco; perímetro que pertence à União.
A Procuradoria da República em Montes Claros-MG está apurando os possíveis crimes cometidos nas duas ações ocorridas na comunidade; na Terça-feira (170718) e nessa Quinta-feira (170720).
O Ministério Público de Minas Gerais afirmou que irá ajudar o Ministério Público Federal a investigar o caso, inclusive se a Polícia Militar sabia da decisão que impedia a reintegração.
Já a Polícia Militar afirmou que não irá se pronunciar sobre o caso.
O G1 tenta contato com os fazendeiros, mas até esta publicação eles não foram localizados.
Com Informações de: G1.
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