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02 março 2020

VARGINHA-MG - Acordo secreto no julgamento do Goleiro Bruno Fernandes contou com juíza

Jogador afirma que sua defesa negociou para que ele confessasse o crime e apontasse outros envolvidos em troca de uma sentença menor. Macarrão teria feito o mesmo. Se confirmada, situação pode anular júri.


                O Goleiro Bruno Fernandes afirmou, em Varginha-MG, numa entrevista à equipe, que um acordo, nunca tornado público e ocultado até mesmo dos outros réus, teria sido feito entre advogados do caso e a própria promotoria. A negociação teria ocorrido também com Luiz Henrique Romão, o Macarrão.


                O objetivo seria que eles confessassem e implicassem os demais acusados em troca de uma pena menor.O então assistente da acusação e ainda hoje, advogado da família de Eliza Samúdio, José Arteiro, confirma a negociação e afirma que a juíza do caso, Marixa Rodrigues, participou das costuras.

                Especialistas ouvidos pela reportagem afirmam que, se confirmados o envolvimento da magistrada e o fato de os demais réus não terem tomado ciência do acordo, os julgamentos poderão ser anulados.

"Existem várias situações nos bastidores a que vocês não tiveram acesso. Aquela fala minha no dia do juri foi tudo ensaiado. Aquele negócio que eu falei, 'eu sabia' [da morte], aquilo tudo foi ensaiado; da mesma forma, o Macarrão. 

Ofereceram um tanto de anos de cadeia que, 'se você falar isso, você toma tanto, se você não falar, você vai tomar tanto'; A gente já estava três anos preso"
                Contou.


                Procurado pela reportagem, José Arteiro confirmou que houve a negociação e que participou dela. Ele declarou que a juíza fez parte, juntamente com a promotoria.  Ele revelou ainda que conversou por cerca de 40 minutos com Macarrão e dobrou o réu momentos antes do depoimento dele perante o tribunal.

"Eu falei com o Macarrão que arrumava uma pena pequena para ele, porque para um crime daquele tamanho, a pena seria de até 25 anos, mas que, para ele, eu arrumava 15 anos. 

Ai, essa parte [sobre o acordo] eu não posso falar porque foi um cordo com o promotor e a juíza, entendeu? Eu pedi para a juíza. E, finalmente, nós fomos ao julgamento, e o Macarrão foi condenado a 15 anos de prisão"
                Contou o Advogado.


                Macarrão foi condenado a 20 anos pelo crime de homicídio triplamente qualificado: 

                Motivo torpe
                Asfixia,
                E por impossibilidade de defesa da vítima.

                E a mais três anos pelo sequestro de Bruninho, filho de Bruno com Eliza. Pela confissão, a magistrada reduziu oito anos de pena do crime hediondo.


Legalidade

                Especialistas ouvidos pela reportagem disseram que a costura de um acordo nos moldes descritos pelo jogador e pelo advogado pode gerar a nulidade do processo. De acordo com o criminalista Eduardo Milhomens, se ficar comprovado que o acordo existiu e que as outras partes não ficaram sabendo, existe a possibilidade de tornar o julgamento inválido.

"Se existisse a lei de abuso de autoridade na época, cairia em um desses tipos de abuso. Hoje cairia por fazer acordo para confessar"
                Explicou o especialista.

                Já o advogado Leonardo Salles afirmou que a conduta é considerada normal quando envolve promotores, mas considerou "complicado" quando a juíza fundamenta a pena.
É possível anular, mas que tem que ver fundamentação",
                Ponderou.

Silêncio

                Marixa Rodrigues, hoje responsável pelo 1º Tribunal do Juri de Belo Horizonte-MG, foi procurada pela reportagem e informada sobre as declarações do jogador Bruno Fernandes e de José Arteiro. Mesmo assim, a magistrada preferiu não se manifestar.

                O promotor do caso na época, Henry Vasconcelos, também foi procurado e se comprometeu a comentar o caso. Entretanto, na véspera da entrevista, não respondeu às mensagens nem atendeu as ligações feitas pela equipe de reportagem.

Eliza havia denunciado Bruno por ameaça

                À época dos fatos, a modelo Eliza Samúdio e o goleiro Bruno Fernandes travavam um imbróglio em relação à paternidade de Bruninho, que completou 10 anos no último dia 10. O jogador Bruno Fernandes afirmava que não poderia assumir a criança por não ter certeza de que o filho era dele.


                O envolvimento do casal ficou conhecido publicamente depois de um jornal carioca ter divulgado uma entrevista em vídeo em que Eliza Samúdio denunciava estar sendo ameaçada de morte pelo goleiro Bruno. A filmagem foi feita na porta da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, no Rio de Janeiro.

                De acordo com depoimentos prestados às autoridades em meados de 2009, Eliza disse que o atleta Bruno Fernandes, teria forçado, por mais de uma vez, que ela realizasse um aborto. 
                No entanto, a modelo, Eliza Samúdio, se negou a tirar o filho.

                Na denúncia apresentada pelo Ministério Público à justiça consta que Bruno teria acenado com um acordo em relação ao pagamento de uma pensão à criança, como forma de atrair Eliza Samúdio para seu sítio, em Esmeraldas-MG, na Região Metropolitana de Belo Horizonte-MG. A propriedade foi apontada no processo como o local onde a modelo foi mantida em cárcere privado, antes de ter sido assassinada e ter tido o corpo ocultado.

                Durante o julgamento do goleiro Bruno Fernandes, a Justiça determinou que o nome dele constasse como o pai de Bruninho nos registros da criança, após Bruno ter afirmado que teria quase 100% de certeza de que era o pai. 
                Entretanto, até hoje não foi feito nenhum exame de DNA para comprovar a paternidade.

                Depois do desaparecimento de Eliza, a criança passou a viver com a avó materna, Sônia Fátima Silva Moura, 54 anos, no Estado de Mato Grosso do Sul.

                Com Informações de: O Tempo.

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JISOHDE FOTOGRAFIAS

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