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02 fevereiro 2019

BRUMADINHO-MG - 'Eu sou um milagre', diz funcionário da Vale que conseguiu escapar do mar de lama

Depois de escapar de avalanche de lama e auxiliar no resgate de colegas na mina, operador afirma que seu propósito é ajudar a 'salvar vidas' espiritualmente; ele aparece em vídeo com amigos que perderam a vida na Mina do Feijão.

                   ‘O mundo pode até fazer você chorar, mas Deus te quer sorrindo.’ Em um vídeo gravado dias antes do rompimento da barragem da Vale (veja abaixo em reportagem do Jornal Hoje), em Brumadinho-MG, funcionários da Mina do Feijão cantam esta música de louvor. 

“Ali naquela imagem, tem dois vivos e dois que Jesus recolheu”
                   Diz Marco Antônio Ribeiro da Silva, o Marcão, de 39 anos, que, hoje continua entoando a canção ‘Noites traiçoeiras’

“Eu sou um milagre”
                   Afirma.

                   O operador mantenedor mecânico conta que uma das pessoas que aparecem com ele no vídeo é Wilson José da Silva

“Ele era muito feliz, muito alegre, ele era um homem santo”
                   Declara. 

                   Ambos muito religiosos, eles passaram a manhã de 25 de Janeiro falando de Deus. No momento do rompimento da barragem, Marco Antônio afirma que também estavam juntos, mas Wilson não conseguiu escapar.

“Veio um versículo na hora em que ele estava caído. Foi versículo que diz: ‘estarão dois no campo. Um vai subir, outro vai ficar. E eu creio que eu fiquei para pregar a palavra do Senhor”
                   Afirma Marco Antônio, que é atuante na Igreja Batista Ebenézer, localizada no Bairro Tejuco, em Brumadinho.

Fuga da avalanche de lama

                   O trabalhador da Vale diz que, pouco antes das 12:30 horas, estava do lado de fora do refeitório da mina, onde se concentrava a maior parte das vítimas do desastre. 

                   Segundo ele, o primeiro sinal que algo havia ocorrido dentro do complexo da mineradora foi o passo apressado de um colega de trabalho. 

“A botina dele fazia muito barulho e a face dele ficava apavorada”
                   Relembra. 
                   Em seguida, outra pessoa gritou: ‘corre’.

“Nesse momento, eu observei e vi água na parte debaixo das árvores. E um barulho de mar, depois foi de estrondo de detonação porque [a lama] vinha trazendo tudo aquilo para cima da gente. 
E eu comecei a correr. 

No momento em que eu olhei para lá [em direção à avalanche de rejeito], a lama estava em dois postes e meio de altura, como se fossem 30 metros de altura. E olhei aquilo e já estava correndo. E, quando eu corri, eu caí uma vez, mas eu já caí levantando. E, da segunda vez que eu caí, corri para baixo, sentido à avalanche que vinha atrás de mim”
                   Descreve.

                   Marco Antônio acredita que foi guiado por Deus ao decidir seguir em direção à lama. 

“Se eu tivesse corrido para cima, eu não teria pernas para correr”
                   Afirma.

                   Enquanto fugia daquele “tsunami” de rejeito que se aproximava, o funcionário da mineradora clamava por misericórdia. Ele diz que, neste momento, preparou-se para morrer. Foi aí que escutou duas palavras que deram forças para que não se entregasse e continuasse a fuga pela sobrevivência: 

“corre, a caminhonete”.

“Eu fui o último a chegar na caminhonete e fiquei dependurado e fui até um certo ponto dependurado. Então, foi um pavor de estar com a lama correndo atrás de mim e, depois, o outro pavor de poder ser atropelado e cair. E eu fiquei segurando na perna de uma pessoa porque a caminhonete estava lotada de gente dentro e em cima”
                   Conta.

                   Após conseguir chegar a um lugar seguro, ligou para a família. 

“Depois disso, eu fiz uma oração, agradecendo a Deus e pedindo que me desse discernimento e tranquilidade para ajudar as pessoas”
                   Fala.

                   E foi isso que fez desde aquele momento. 
                   Dirigindo uma caminhonete, ajudou a resgatar outros empregados da mina.

                   Hoje, acredita que há um propósito em ter sobrevivido. 

“O meu intuito é o de ajudar as pessoas, “salvar vidas”, mas não salvar vidas fisicamente, mas salvar a alma, falar com as pessoas de Jesus”
                   Diz.

                   Nesta primeira semana desde o rompimento da barragem, é assim que ele tem ocupado seus dias. 

“Eu tenho tratado meu tempo espiritualmente. (...) 
Não é catar os cacos, mas cuidar de quem está vivo e inteiro”
                   Diz.

                   Na noite desta Quinta-feira (190131), o G1 acompanhou Marcão no culto da igreja que frequenta. 
                   Nas orações, a demonstração da fé.

“Eu não precisava estar falando com o mundo que eu sou um milagre. Só de me ver, não precisa do testemunho, só de eu estar aqui, eu sou um milagre”
                   Diz.

                   Com Informações de: G1


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JISOHDE FOTOGRAFIAS

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