A tensão tomou a Arena Olímpica
à espera da nota de Flávia Saraiva.
Era a última para a definição do pódio, e os desequilíbrios
na série ainda não a tiravam da disputa pela medalha.
Era ela ou a estrela Simone Biles no pódio.
Não foi desta vez.
Lamentos e até vaias para a nota 14,533 pontos, que colocou a brasileira no quinto posto nesta Segunda-feira.
Dona de três ouros no Rio de Janeiro, a americana falhou em se equilibrar na trave de 10 cm de largura, mas ainda assim conquistou um bronze, com 14,733.
O ouro ficou com a holandesa Sanne Wevers (15,466), uma das favoritas no aparelho.
A prata foi para a americana Laurie Hernandez (15,333).
Com 16 anos, Flavinha ainda não chegou ao pódio olímpico, mas igualou Daiane dos Santos com a melhor posição de uma brasileira em Olimpíadas - a campeã mundial foi a quinta do solo nos Jogos de Atenas 2004.
Motivo de sobra para comemorar, até com lágrimas.
A baixinha de 1,33 m está entre as grandes ginastas da trave.
No entanto, as rivais eram fortes. A americana Simone Biles já dispensa apresentações, com três ouros no Rio.
A romena Catalina Ponor é uma lenda, campeã olímpica em 2004.
Sanne é a atual vice-campeã mundial e se destaca por suas sequências de giros em um show de equilíbrio.
Flavinha ainda não conseguiu chegar ao pódio, mas já se colocou entre as grandes.
No carisma, Flavinha entrou no ginásio campeã.
Já havia arrebatado torcedores do mundo inteiro nas classificatórias.
A Pequena Notável queria mais, queria ser notada também por ter uma medalha no peito.
Por isso a comissão técnica até a poupou da final individual geral. O foco total era na trave.
Prova a prova
Fan Yilin tinha a missão de defender a tradição da China na prova da trave - Deng Linlin venceu em Londres.
Foi a primeira a se apresentar e teve alguns grandes desequilíbrios. Conseguiu se segurar na trave, mas a nota 14,500 não a animou.
Sabia que só quedas das rivais a colocaria no pódio.
A canadense Isabela Onyshko entrou na disputa como azarona, e não deu sorte.
Ela sofreu uma queda em um mortal.
Ganhou muito apoio da torcida com aplausos para fechar a série e conseguir 13,400.
Era a vez de Simone Biles.
E até a máquina de conquistar ouros mostrou que também é humana, também erra.
Em seu aparelho menos firme, a dona de três ouros no Rio teve de segurar a trave com a mão para não ir ao chão depois de uma acrobacia.
Isso é considerado queda também.
Mesmo assim ela conseguiu a liderança: 14,733 pontos.
Só que o quarto ouro estava muito ameaçado.
Atual vice-campeã mundial, Sanne Wevers tratou de acabar logo com a chance de um quarto ouro de Simone.
A holandesa manteve o equilíbrio em sequências de giros que são sua marca.
Ninguém consegue fazer igual.
A nota 15,466 mostrou isso.
O sorriso era de quem estava muito perto do título no Rio.
A lenda romena Catalina Ponor entrou na sequência com a missão de manter o país no pódio olímpico.
A tradição que vinha desde o surgimento de Nadia Comaneci, nos Jogos de 1976, foi interrompida.
A campeã olímpica de 2004 cometeu muitas falhas, perdeu ligações e só conseguiu 14,000 pontos.
A caloura Laurie Hernandez tentou colocar os Estados Unidos mais uma vez no topo do pódio e por pouco não conseguiu.
A carismática ginástica descendente de porto-riquenhos foi firme, mas não o suficiente para superar Sanne.
Com 15,333 pontos, ela assumiu o segundo posto.
A francesa Marine Boyer teve alguns desequilíbrios e repetiu os 14,600 da classificatória.
Restava então apenas Flavinha.
Era ela ou Simone Biles no pódio.
A torcida na Arena Olímpica levantou e gritou o nome da ginasta, mas fez silêncio na hora da apresentação a baixinha, quebrado apenas duas vezes por expressões de medo em desequilíbrios da ginasta.
Como se a torcida pudesse dar uma força para ela se equilibrar no aparelho.
Não chegou a cair, mas a nota 14,533 não foi o suficiente para o pódio.
Não desta vez.
Quem sabe em 2020?
Com Informações de: GE.
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