Caso foi registrado em Juiz de Fora no Domingo (26); ninguém foi detido.
Seis suspeitos foram identificados; vídeos comprovam estupro, diz delegada.
A Polícia Civil retomou nesta Quarta-feira (160629) as buscas pelos envolvidos no estupro de uma adolescente de 13 anos, em Juiz de Fora-MG.
A garota levou os investigadores a três lugares onde foi mantida refém e estuprada.
A polícia informou que são dez suspeitos, sendo dois maiores de idade.
Em entrevista à imprensa, a mãe da adolescente contou que a filha só reapareceu após o surgimento de um vídeo na internet.
Após a operação na tarde desta Terça-feira (160628) em ruas dos Bairros Furtado de Menezes e Olavo Costa, seis suspeitos foram identificados.
De acordo com a delegada Ângela Fellet, quatro se apresentaram na delegacia.
Por enquanto ninguém foi detido.
"Os quatro que se apresentaram são adolescentes e tentaram preservar os mais velhos, mas nós já identificamos dois maiores de idade envolvidos. Eles foram ouvidos e liberados, a princípio, porque não foi durante o flagrante. Nesta manhã, a ação foi para identificar os três locais onde ocorreram o crime e chegar a outros suspeitos, além de ouvir depoimentos e testemunhas"
Ressaltou a delegada.
A Polícia Civil também teve acesso a um segundo vídeo feito enquanto a adolescente era mantida em cárcere.
"São imagens mais fortes e mais contundentes do que o primeiro vídeo, que sugerem efetivamente a prática de conjunção carnal"
Destacou a delegada.
Já consta no inquérito um vídeo que foi publicado no perfil de uma rede social e depois excluído. Além disso, está sendo apurada a procedência de um áudio onde uma voz masculina falaria sobre o estupro.
Em depoimento, os adolescentes deram versões conflitantes com o vídeo.
"Eles disseram que foi apenas sexo oral e não houve conjunção carnal, mas as imagens mostram a vítima se limpando. Disseram que ela quis ter a relação, o que sabemos que não é verdade.
Independentemente da concordância dela, que não houve, é crime de estupro de vulnerável porque a adolescente tem 13 anos. E mesmo que fosse sexo oral, é ato libidinoso com menor de 14 anos, o que configura estupro de vulnerável"
Destacou a delegada.
Os próximos passos, de acordo com a delegada, serão os novos depoimentos de testemunhas e dos autores e qualificação completa deles, mais diligências e a análise do laudo pericial.
"Dos seis identificados, sabemos que tem um maior de idade e os demais a gente está chegando à qualificação principalmente por causa da idade. Assim vamos saber se o processo vai correr perante a Vara de Infância e Juventude ou na Justiça comum"
Explicou.
Caso descoberto após vídeo
De acordo com o Boletim de Ocorrência - BO, a adolescente contou que foi a uma festa junina na escola onde estuda, de onde saiu acompanhada por uma amiga e outros dois jovens. Eles foram a uma casa abandonada no Bairro Olavo Costa, onde disse que consentiram em ter relação sexual.
No entanto, a vítima relatou que oito suspeitos chegaram ao local, três deles armados, e exigiram que as duas garotas fizessem sexo com eles. A amiga da vítima se identificou como irmã de um traficante do Bairro Vila Ideal e foi liberada junto com os dois rapazes.
A mãe da adolescente ficou chocada ao ver os locais onde a filha foi mantida e estuprada pelo grupo.
"Eu nunca pisei aqui.
Sempre soube desde pequena que este lugar aqui é muito pesado. O máximo que vou é até o Curumim, onde fica o centro de referência do bairro e vou até de ônibus para evitar problema"
Afirmou.
Segundo a mãe, a adolescente foi liberada para ir à festa junina da escola e, ao não retornar, deixou a família preocupada.
"Ela pediu para ir a festa junina da escola, porque estava de castigo há duas semanas. Aconteceu que ela resolveu fugir.
Não estava em festa errada e resolveu tomar outro rumo.
Deste outro rumo, veio parar aqui.
A gente procurou por ela durante toda a noite e madrugada"
Disse.
Na manhã de Domingo, a família registrou o desaparecimento da adolescente, que só foi reencontrada após um dos vídeos do estupro aparecer na internet.
"A gente foi à casa de algumas colegas e, como não a encontramos, fomos fazer o BO.
Uma hora depois, a minha filha mais velha me ligou para dizer que estava rolando um vídeo na internet onde estava acontecendo esses negócios.
A gente pediu a umas pessoas para ajudar a achar ela.
Após o vídeo, ela apareceu em meia hora.
Eu só sabia o que tinha visto no vídeo e soube do resto da história, quando ela contou ao policial militar"
Afirmou, sem indicar quem são as pessoas que ajudaram a localizar a adolescente.
Após o registro do caso, a PM fez buscas, mas nenhum suspeito foi localizado.
De acordo com o BO, os exames do médico legista não constataram lesão na vítima resultante de relação sexual.
No entanto, a delegada ainda aguarda o resultado deste laudo dos exames no Hospital de Pronto Socorro - HPS.
De acordo com Fellet, embora o BO tenha sido registrado como "outras infrações contra a dignidade sexual e a família", o caso é de estupro de vulnerável.
O G1 enviou um questionamento à Polícia Militar - PM sobre a qualificação da ocorrência e aguarda retorno.
Apoio
A adolescente e a família dela foram atendidas na Casa da Mulher e também são acompanhadas pelo Conselho Tutelar.
A apuração ocorre em sigilo e depois terá o resultado encaminhado à Vara de Infância e Juventude.
A família foi encaminhada para um local seguro.
De acordo com a assessoria da Secretaria Municipal de Educação, a escola onde a menina estuda também está apoiando a família e que o caso será tratado na instituição.
"A escola informa que está dando todo o apoio à estudante e à família da aluna que sofreu a agressão e fez contato com todos os órgãos competentes para que as providências fossem tomadas.
No momento, além de a escola estar em sua última semana de aula e em período de provas, a instituição está preocupada em resolver as questões emergenciais ligadas à ocorrência.
Em agosto, após as férias escolares, o assunto será abordado de forma mais específica em ação a ser planejada pela unidade de ensino, com orientação da Secretaria de Educação"
Diz a nota enviada ao G1.